sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Arqueologia Bíblica - Evidências para a fé?



Lamparinas dos tempos de Jesus

DEFINIÇÃO PARA O TERMO 

O termo Arqueologia vem do grego “Archaio” e “Logos” que literalmente significa: Estudo das coisas antigas. Já, a Arqueologia Bíblica tem um foco mais específico, pois, estuda artefatos que se relacionam com o estudo das escrituras e compreensão da vida nos tempos bíblicos.

Ruínas antigas

RAZÕES PARA ESTUDAR ARQUEOLOGIA 

A bíblia, ou Palavra de Deus, entrou em nossa história participando ativamente dela. Logo, seria interessante lembrar que as escrituras não nasceram num vácuo histórico. Elas possuem um contexto cultural que as antecede e envolve.  

Neste contexto encontramos: a época, costumes, cultura e línguas. Como vencer este abismo: através da arqueologia. Sendo assim a arqueologia bíblica complementa a busca de quem quer uma correta compreensão bíblica.

COMO E QUANDO COMEÇOU O INTERESSE PELA ARQUEOLOGIA BÍBLICA? 

No início, a arqueologia bíblica começou de maneira “piedosa”, sendo inaugurada por Helena, mãe de Constantino. O termo piedosa se refere a falta de cientificidade, sendo que locais e objetos da história de Jesus eram apontados baseados no senso intuitivo de Helena. Se ela escolhesse um lugar como sendo, por exemplo, o túmulo de Jesus, então, aquele lugar era "sagrado", e um "achado" sem que necessariamente, houvesse qualquer pesquisa científica ou provas arqueológicas confiáveis. 


Arte: Helena, Mãe de Constantino

Somente a partir do século XVIII a arqueologia começou a ter maiores rigores científicos. A descoberta acidental da “pedra de roseta” em 1798 marcou o início desta arqueologia bíblica mais científica.


Pedra de Roseta

Este achado marcou uma nova era na arqueologia bíblica. Muitas foram as contribuições após a descoberta da pedra de roseta, são elas: as escavações das cidades de Babilônia, Nínive, Ur e Jericó, inscrições cuneiformes que revelavam o nome de dois personagens do livro de Daniel sendo Nabucodonosor e Belsazar. Todas estas evidência possuem teor histórico, ou seja, evidências que validam o relato histórico.

IMPLICAÇÕES DO ESTUDO DA ARQUEOLOGIA 

A arqueologia pode nos ajudar a contextualizar corretamente algumas passagens da bíblia e para confirmar a historicidade do seu relato. Através de evidências, que são achados arqueológicos, é possível entender melhor o contexto em que a bíblia foi produzida.  Também permite confirmar as narrativas históricas que a bíblia apresenta para sabermos se elas ocorreram ou não.

Deus não deixou um livro de filosofia, mas, um livro de histórias que revelam a ação de Deus em meio aos negócios da humanidade.  Se a história da bíblia for real, a teologia que se assenta nela também será real. Se a história for fictícia ou mitológica, tudo que envolve esta teologia cai por terra.

ARQUEOLOGIA PARA ENTENDER O CONTEXTO CULTURAL BÍBLICO 

Algumas histórias e acontecimentos da bíblia são melhores compreendidos se pudermos ver o contexto cultural do povo ao redor da história. Veja exemplos:

- Raquel roubando os ídolos do lar:

Porque Raquel rouba os “ídolos do lar” que pertenciam a Labão seu pai (Genêsis 31:34)? Compreendemos isto sob a luz dos antigos códigos de leis sumerianos. Os “ídolos do lar”, chamados de terafim, eram certificados de propriedade para ser dono de uma terra. Logo, Raquel roubou a escritura da terra, para entregar a Jacó, como tentativa de indenizá-lo pelo trabalho forçado de sete anos.

- O nome de Moisés:

O nome de Moisés, que não tem origem hebraica, pode ser explicado pelo verbo egípcio do nome ms-n que significa “Nascer ou nascido de”. No Egito, os nomes dos nobres e faraós, eram formados pela junção deste nome com um nome de uma divindade. Exemplo: Ahmose “Nascido de Ah, deus da lua”, Ramose “Nascido de Rá, o deus sol”. É possível que Moisés tivesse um deus acoplado ao seu nome, provavelmente o deus do Nilo, sendo seu nome Hapimose.

- Jesus nega o jovem o direito de sepultar seu pai?

Jesus nega um jovem o direito de sepultar-lhe o pai. Este episódio encontra-se em Lucas 9:59, o ponto é, pela arqueologia entendemos que a expressão “sepultar o pai” significava que o pai estava sadio, e que ele só sairia de casa quando o pai morresse.

- Deus petrificou o coração de Faraó?

A bíblia descreve que Deus “petrificou” o coração do faraó. Este é um limite de idioma. Entenda: quando dizemos “estou morto de cansaço” não significa que você esteja se matando. A ideia do Faraó de coração de pedra é entendida pela mentalidade da época. É preciso considerar também que, nas múmias, os egípcios colocavam um escaravelho de pedra no lugar do coração.

Este amuleto servia ao defunto um salvo-conduto no juízo final perante Osíris. Um coração normal poderia denunciar os seus pecados, pois seria pesado na balança da deusa Ma’at. Um coração de pedra poderia enganar os deuses, mesmo levando uma vida de constantes pecados. Um coração duro era portanto, a certeza de uma salvação forjada à custa do engano dos deuses. Daí, entendemos a forma irônica e suave de dizer: “Deus endureceu o coração de faraó”.

ARQUEOLOGIA COMO EVIDÊNCIA HISTÓRICA DA BÍBLIA 

Primeira coisa que precisamos lembrar, é que, menos de 10% da bíblia possuí achados que comprovem a veracidade histórica de um acontecimento. A maioria da histórias da bíblia, só tem a bíblia como próprio testemunha.

A história e arqueologia possuem limites como ciência para desvendar o passado, não somente relacionado isto com a arqueologia bíblica, mas, com a pesquisa histórica de um modo geral. A verdade investigada é sempre analisada a partir de fragmentos apenas. 

O que importa nestes fragmentos não é a sua quantidade, mas sim, a sua qualidade.

Alguns fragmentos de qualidade:

- Épico de Gilgamesh e Lista Sumeriana dos Reis:

Épico de Gilgamesh

 A lista faz uma das mais antigas menções ao gigantesco dilúvio que cobriu toda a terra, relaciona os rei que governaram antes da grande catástrofe e foi escrita muitos séculos antes de Moisés demonstrando a antiguidade da tradição acerca do dilúvio. Lembrando que a menção a um dilúvio seria algo desnecessário em uma lista de reis. O “Épico de Gilgamesh” testemunha de uma inundação provocada pela ira dos deuses na qual toda a humanidade fora destruída menos o próprio Gilgamesh na qual tivera sido avisado pelos deuses para construir um barco.

- Estela de Mesha:


Estela de Mesha

Em II Reis 1 e 3:4 a 47 mostra a revolta de Moabe contra Israel, que, na Estela de Mesha, encontramos a declaração do porque de Moabe querer invadir  Israel, exatamente como ensina a bíblia.

- Prisma Taylor:


Prisma Taylor

A campanha do Rei Assírio Senaqueribe contra Judá, conforme 2 Reis 18:13-16, está registrado no “Prisma Taylor”.

- Historiador Romano Suetônio:


Historiador Romano Suetônio

A expulsão dos Judeus de Roma por Claudio, conforme citado em atos 18:2, está confirmado pelo historiador Romano Suetônio.c

PRINCIPAIS ACHADOS ARQUEOLÓGICOS DO ANTIGO TESTAMENTO  

- Leis Mesopotâmicas, Código de Hamurabi:


Código de Hamurabi

Conjunto de leis do 2º e 3º milênios antes de Cristo que ilustram o período patriarcal. Exemplo: Código de Hamurabi (1750 a.C.)

- Papiro de Ipwer:


Papiro de Ipwer

Oração de um certo sacerdote chamado Ipwer que reclama ao deus Horus as desgraças que assolavam o Egito. Entre elas, menciona o Nilo se tornando sangue, a escuridão cobrindo a terra, os animais morrendo nos pastos e outros elementos que mostram muito de perto as pragas mencionadas no Êxodo.

- Estela de Merneptah:


Estela de Merneptah

Uma coluna comemorativa escrita por volta de 1207 a.C. que conta as conquistas militares do Faraó Merneptah. É a mais antiga menção do nome Israel fora da bíblia. Mostra Israel existindo durante o período dos juízes.

- Textos de Balaão:


Textos de Balaão

Fragmentos de escrita aramaica encontrados em Tell Deir Allá (sucote). Estes trazem fragmentos de um episódio da vida de Balaão filho de Beor, o mesmo Balaão de números 22. Os textos mostram que os cananitas mantiveram lembranças deste profeta.

- Estela de Tel Dã:


Estela de Tel Dã

Placa comemorativa da conquista militar da Síria sobre a região de Dã. Possui a inscrição “Casa de Davi”. É a primeira menção fora da bíblia do rei Davi, indicando que este fora um personagem real.


- Obelisco Negro e Prisma de Taylor:


 
Obelisco Negro

Prisma Taylor

Estes artefatos mostram duas derrotas militares de Israel. O primeiro traz o desenho do rei Jeú prostrado diante de Salmanazar III oferecendo tributo e o segundo descreve o cerco de Senaqueribe a Jerusalém, citando contextualmente o confinamento do rei Ezequias.

- Inscrição de Siloé:


Tanque de Siloé


Inscrição Tanque de Siloé

Essa antiga inscrição hebraica encontrada dentro do tanque que existe até hoje, marca a comemoração do término do túnel construído pelo rei Hezequias, conforme o relato de II Crônicas 32:2-4.

PRINCIPAIS ACHADOS ARQUEOLÓGICOS DO NOVO TESTAMENTO

- Ossuário de Caifás:


Ossuário de Caifás

Alguns ossuários costumavam trazer uma inscrição com o nome da pessoa que estaria ali. Este ossuário foi encontrado em 1990 e legitimado como sendo mesmo de Caifás mencionado em Mateus 26 e João 18.

- Esqueleto do crucificado:


Fragmento de Osso do "esqueleto do crucificado"

Ossuário encontrado em 1968 revelando a ossada de um certo Yehohanan (João em Aramaico) que morrera crucificado. Este é um único exemplar de crucificado que temos notícia. Graças a este estudo, foi possível levantar importantes detalhes sobre os modos de crucifixão usados no tempo de Cristo.

- Inscrição de Pilatos:


Inscrição de Pilatos

Placa comemorativa encontrada em Cesaréia Marítima no ano de 1962 revela Pilatos como prefeito da Judéia. Antes disso, sua existência era questionada pelos céticos.

- Cafarnaum:


Ruínas de Sinagoga em Cafarnaum

A cidade onde Jesus morou foi escavada e preservada para visitação. Ali é possível se ver os restos  de uma sinagoga e de uma igreja bizantinas que foram respectivamente construídas sobre a sinagoga dos dias de Jesus  e a casa de Pedro, o líder dos doze Apóstolos.

OS ESCRITOS DO MAR MORTO E SUA RELEVÂNCIA PARA NÓS HOJE

Estes manuscritos foram descobertos por um garoto beduíno em 1947, nas redondezas do mar morto ao deserto da Judéia. Acredita-se que lá fora a morada dos Essênios, facção religiosa que rompeu com o partido sacerdotal de Jerusalém.


Cavernas de Qunram

Em grutas, o garoto descobriu antigas cópias do Antigo Testamento e outros livros judaicos guardados por quase dois mil anos.


Réplica do interior da caverna

Em pelo menos onze cavernas, todos os manuscritos encontrados formavam uma grande biblioteca de textos que contextualizavam o judaísmo nos dias de Cristo.


Representação dos Manuscritos Encontrados

Outra contribuição foi ajudar a estabelecer a confiança na transmissão do texto bíblico. Este achado proporcionou cópias de livros datados em 250 a.C. que ao serem comparados com o texto base das traduções modernas, o texto hebraico massorético, confirmaram a fidedignidade dos textos bíblicos.

CONCLUSÃO 

A arqueologia é uma excelente ferramenta de compreensão bíblica, pois, como podemos ver, a história fala. Ela no ajuda a entender melhor contextos culturais, e também, confirma relatos históricos. Isto nos leva a compreender melhor passagens bíblicas e a confiar na historicidade da bíblia. 

Se você quiser conhecer um pouco mais sobre o assunto de Arqueologia, visite o único museu do Brasil de arqueologia bíblica que se chama “Paulo Bork” e está localizado no Centro Universitário Adventista de São Paulo Campus 2. 

Ou assista os vídeos e leia os artigos clicando no link abaixo: 

CLIQUE AQUI

Aplicação homilética para a Arqueologia Bíblica: 

“E, respondendo ele, disse-lhes: Digo-vos que, se estes se calarem, as próprias pedras clamarão.” Lucas 19:40

Crê nisto?

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Salvo indicação contrária, todas as referências bíblicas neste texto são da:
SOCIEDADE BÍBLICA DO BRASIL. A Bíblia Sagrada. Revista e Atualizada no Brasil. 2° ed. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993.
"Artefatos que contam histórias", Acessado em: http://novotempo.com/evidencias/2011/10/14/video-artefatos-que-contam-historias/
"Comprovações arqueológicas", Acessado em: http://novotempo.com/evidencias/2011/10/28/video-comprovacoes-arqueologicas/
"Evidências históricas da bíblia", Acessado em: http://novotempo.com/evidencias/2011/05/20/video-evidencias-historicas-da-biblia-2011/
SILVA, Rodrigo. A arqueologia e a bíblia. Acessado em: http://www.universidadedabiblia.com.br/o-proposito-da-arqueologia-biblica/
_______________. A natureza e o propósito da arqueologia Bíblica. Acessado em: http://novotempo.com/evidencias /2011/04/01/a-arqueologia-e-a-biblia/

2 comentários:

  1. Parabéns Albert. Pelo blog e pelo que disse: "tento ser Cristão". Longe da hipocrisia, arrogância e presunção encontramos o nosso salvador...

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