Livro de Ester - O Deus que protege os exilados
IDEIA
PRINCIPAL DO LIVRO
“Como Deus cuidará da nação escolhida?”
TEMA
“A
providência de Deus ao proteger o seu povo”.
Deus
ainda (em relação a nação):
- Resgatará?
- Sustentará?
- Curará?
OUTRAS PERGUNTAS:
-
Poderia Deus salvar o povo independente de onde eles estivessem?
-
O Senhor ainda se interessa pela nação eleita, apesar de seus pecados terem
sido a causa de perda da terra?
Livros
relacionados com estas questões apresentadas em Ester (da relação contínua de
Deus com Israel): Daniel, Esdras, Neemias e Crônicas.
Ester
inicia a discussão sobre “o Deus que protege os exilados”.
DATA
E AUTORIA
- Ester é uma obra anônima cujos acontecimentos se
dão aproximadamente entre 487-465 a.C.
- Nenhuma informação sobre sua autoria, data e
público original pode ser recuperada com alguma certeza.
CURIOSIDADES
- A ambientação Persa chama a atenção dos leitores
para o modo como os judeus exilados se acomodaram naquela terra.
- “Ester” e “Cantares” não mencionam Deus
diretamente. Embora nao citado e trabalhando por trás dos acontecimentos, o
Senhor e o personagem central do livro de Ester.
SITUAÇÃO
CANÔNICA
Nas últimas décadas, a integração desse livro no
cânon foi examinada com algum detalhe.
RAZÕES:
- Obra com natureza aparentemente secular;
- Única obra do AT não atestada nos manuscritos do
mar Morto.
É CONSIDERADO ESCRITURA?
Roger Beckwith observa que: há uma tradução desse livro feita pela Septuaginta datado
por volta de 114 a.C.
Flávio Josefo (70 d.C.) relaciona o livro como
pertencente às Escrituras.
Principais catálogos canônicos do AT incluem Ester.
Conclusão: Parece
correto concluir que o texto foi considerado como Escritura nos tempos antigos.
PROPÓSITO
TEOLÓGICO
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Ênfases:
I. Maioria dos intérpretes defende: Ênfase à
instituição da festa do Purim. A nova celebração sublinha a convicção
judaica de que Deus protege o povo escolhido de seus inimigos.
II. Gilis Gerleman afirma: O livro compara os
eventos na Pérsia com o êxodo no Egito. Ênfase no modo como Deus se lembra do
povo da aliança em situações extremas.
III. TheodorusC. Vriezen e J. Barton Payne
sugerem: Ester ilustra o cuidado sábio e providencial de Deus para com Israel e
a soberania divina sobre todas as nações. Vriezen e Payne admitem
o caráter encoberto da teologia de Ester, mas apesar disto, percebem-na
evidente. Asa Boyd e Barry Davis também consideram a providência
divina como a ideia teológica principal de Ester, pois eles definem o Senhor
como o “Deus por trás do visível”, alusão para a ausência de referências
explícitas sobre Deus no livro.
IV. Robert Gordis: Ester trata
fundamentalmente da preservação do povo judeu. Para ele: “É essencial para a
visão de mundo judaica que a preservação do povo judeu seja em si mesma uma
obrigação religiosa de primeira magnitude. Isso é verdade porque Israel tem
sido o portador da palavra de Deus ao longo de toda a sua história , começando
com a aliança do Sinai”. Para que a aliança abraâmica, do Sinai e davídica
possam ser cumpridas, é preciso que o povo escolhido sobreviva.
V. Walter C. Kaiser acredita que: Ester
contribui para a ideia do AT de que Israel porta a promessa da vinda do Reino
de Deus. (Mais uma vez, a necessidade da sobrevivência de Israel é o ponto
principal).
VI. Shemaryahu Talmon afirma que: Ester é um
conto de sabedoria historizado, que encarna muitas das ideais principais
encontradas na literatura sapiencial. Desse modo, o livro oferece conselhos
sábios quase como os da historia de José.
2
OPINIÕES INTERESSANTES:
I. Lewis B. Paton escreve que: “O autor de
Ester se deleita com o sucesso e triunfo de seus heróis e se esquece de suas
faltas morais. Moralmente, Ester fica muito abaixo do nível geral do AT, e até
mesmo dos apócrifos”.
II. Otto Eissfeldt considera o livro muito
nacionalista e não merecedor de participação no cânon. (Concorda com Martinho
Lutero)
OBSERVAÇÕES
ACERCA DAS OPINIÕES INTERESSANTES:
Avaliações consideradas severas levando-se em
consideração a posição de Ester no cânon. A situação histórica permitia
escolhas muito limitadas aos judeus. Eles ou seus inimigos deveriam morrer. A
alegria de Ester pela vitória é tão apropriada quanto a tristeza de Lamentações
devido à derrota.
O equilíbrio canônico é evidente no caso, assim como
na questão entre os escritos de sabedoria conservadores, de um lado, e os
radicais, de outro. Ambos os pontos de vista são necessários para explorar a
completa variedade de atividades divinas e de respostas humanas.
ESBOÇO GERAL DO LIVRO
I.
A coroação de Ester
1. Vasti é destronada
2. Ester é coroada
II.
A condenação de Hamã
3. A intriga de Hamã
4. O discernimento de Mordecai
5-7. A intercessão de Ester
III.
A celebração de Israel
8. Um novo decreto
9. Uma defesa segura
10. Uma grande distinção
ESQUEMA
TEOLÓGICO DE ESTER
I.
ESTER 1:1 a 4:17
“Sugere que o
Senhor permite que seu povo enfrente perigos no exílio. Qualquer possível
proteção surge apenas depois de sérios problemas”.
Apresentação dos principais personagens, do enredo e
de seu possível desfecho.
O
PROPÓSITO DE DEUS PARA O EXÍLIO
Exílio “auto-imposto”. Idolatria=Exílio.
Homens fiéis sofrem junto com os transviados:
Jeremias e Ezequiel.
No período de Ester, os exilados já estavam mortos a
muito tempo. Os remanescentes do tempo dela não eram os responsáveis pela ruína
em 587 a.C.
Não pode-se considerar a ameaça de Hamã como um
castigo divino específico. A nação está sendo injustamente perseguida.
Situação semelhante a história de José, Êxodo. Em
José Deus transforma o mal em benefício da preservação do remanescente. Em
Êxodo, Israel clama por libertação, o Senhor responde com o chamamento de
Moisés.
Líderes surgem dos mais incomuns lugares a fim de
providenciar as soluções aos problemas de Israel em Gênesis, Êxodo e Ester.
Ilustra a bondade e determinação de Deus em manter
as promessas abraâmicas.
II.
ESTER 5:1 a 9:19
“Conclui que
Yahweh protege os exilados de Israel invertendo sua sorte. O ponto alto de
Ester é o plano para a libertação, assim como aconteceu antes com o dilema de
José, que, apesar de menos premente, era certamente mortal”.
A sorte de
Israel “muda” com a intercessão de Ester e a honestidade de Mardoqueu.
A
ACEITAÇÃO DOS GENTIOS POR DEUS
“Qualquer um
que deseje se filiar ao povo da aliança é aceito em Êxodo e Ester, um fato que
repercute a promessa de Deus de que todas as nações serão abençoadas em
Abraão”.
III.
ESTER 9:20 A 10:3
“Sugere que o
Senhor institui o Purim. A nova celebração garante que as lições aprendidas no
exílio não serão esquecidas pelos futuros membros do remanescente. A libertação
deve ser apreciada, recordada, declamada e reaplicada a cada nova geração. O
Deus que protege os exilados deve continuar sendo o Deus de Israel, pois
nenhuma outra divindade existe dentro ou fora da Terra Prometida. A validade de
outros deuses nem mesmo é cogitada”.
SOBRE
O PURIM
Toda vez que o Purim for celebrado, a nação estará
confessando que Israel sobreviverá mesmo aos terrores do exílio.
Inimigos como faraó e Hamã surgirão, mas eles nunca
eliminarão o povo de Deus.
Israel deve sobreviver para que todo o programa da
teologia bíblica seja completado.
O Purim proporciona mais uma evidência de que o
Senhor permanece na direção da história.
A data foi o décimo terceiro dia de Adar, que Hamã
tinha designado para a aniquilação dos judeus e a confiscação de suas
propriedades. Na luta que se seguiu, milhares de não-judeus foram mortos.
Contudo, a paz foi logo restaurada e os judeus instituíram uma celebração anual
para comemorar sua libertação. Purim foi o nome que se deu a este dia de festa,
pois Hamã tinha determinado aquela data lançando sortes, ou Pur. (SCHULTZ, 2009, p. 128)
Desde seu princípio, o Purim tem sido uma das
observâncias mais populares. Após jejuar o dia 13 de Adar, os judeus se reuniam
na sinagoga na tarde, ao começar o dia 14, começando pela leitura pública do
livro de Ester. Ao mencionar a Hamã, respondias ao uníssono "Que seu nome
seja apagado". Na manhã seguinte, se reuniam para trocar presentes. (SCHULTZ, 2009, p. 129)
A referência a esta festa em 2 Mc 15.36 como o dia
de Mardoqueo, indica que era observada no século II a.C. Nos dias de Josefo, o
Purim era celebrado durante toda uma semana (Antiquities, XI, 6:13). (SCHULTZ, 2009, p. 127)
CONCLUSÃO
- A teologia de Ester é sutil. Ela participa no
cânon na apresentação contínua das obras de Deus e de seus ensinamentos na
história. É parte do “todo” teológico.
- Sua parte é testemunhar que os planos de Deus para
Israel não podem ser contrariados pelos que odeiam os judeus. Ou, nenhum dos
seus planos podem ser contrariados.
- Em Ester Deus é soberano sobre judeus e gentios.
Da mesma forma ocorre no resto do cânon.
- Ester introduz a convicção que Deus ajudará Israel
não importa por onde o povo tenha sido disperso demonstrando a forma generosa
como Deus protege seu povo.
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Referências bibliográficas
HOUSE, Paul R. Teologia
do Antigo Testamento. São Paulo: Editora Vida, 2005.
SCHULTZ, Samuel J. A
história de Israel no Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2009.
WIERSB, Warren W. Comentário
Bíblico Expositivo V.II - Histórico. Santo André: Geográfica, 2010.
ZUCK, Roy B. Teologia
do Antigo Testamento 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2009.
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