“Vendo Jesus as multidões, subiu ao monte, e, como se assentasse, aproximaram-se os seus discípulos; e Ele passou a ensiná-los”. Mateus 5:1 e 2
Um
breve contexto:
"O
Sermão do Monte é o mais importante discurso proferido em toda a história da
humanidade. Mahatma Gandhi afirmou que se todos os textos sagrados do mundo
fossem perdidos, mas o Sermão do Monte fosse preservado, então nada teria se
perdido. Essas extraordinárias palavras de Jesus, de fato, ocupam lugar de
absoluto destaque na história”. (Rene Kivitz )
"Jesus não fala à multidão, Ele fala a Seus
discípulos. Seguindo a tradição dos rabinos e seus Talmidim (discípulos)
daquele tempo, os aprendizes se aproximaram, o Mestre se assentou e passou a
ensiná-los”. (Talmidim)
Contexto
de Ellen White:
“O
sermão da montanha, conquanto feito especialmente para os discípulos, foi
proferido aos ouvidos da multidão. Após a ordenação dos apóstolos, Jesus foi
com eles para a praia do mar”.
"Ali,
de manhã cedo, começara o povo a se reunir. Além das costumadas multidões das
cidades da Galiléia, havia gente da Judéia e da própria Jerusalém; da Peréia,
de Decápolis, da Iduméia, para o sul da Judéia; e de Tiro, e Sidom, as cidades
fenícias da costa do Mediterrâneo. "Ouvindo quão grandes coisas
fazia" (Mar. 3:8), "tinham vindo para O ouvir, e serem curados das
suas enfermidades. ... Porque saía dEle virtude, e curava a todos." Luc.
6:17-19."
“O
lugar dos discípulos era sempre próximo a Jesus. O povo comprimia-se
constantemente em torno dEle, mas os discípulos entendiam que seu lugar junto
do Mestre não devia ser tomado pela multidão. Sentaram-se-Lhe bem próximo, de
modo a não perder nenhuma palavra de Suas instruções. Eram ouvintes atentos,
ansiosos por compreender as verdades que teriam de dar a conhecer em todas as
terras em todos os séculos. Com a impressão de que podiam esperar qualquer
coisa acima do comum, apertaram-se todos em volta do Mestre”.
Porque
sermão da montanha?
“A
estreita praia não oferecia espaço ao alcance de Sua voz para todos quantos O
desejavam ouvir, e Jesus os conduziu de volta à encosta da montanha. Chegando a
um espaço plano, que proporcionava aprazível lugar de reunião para vasto
auditório, sentou-Se Ele próprio na relva, e os discípulos e a multidão
seguiram-Lhe o exemplo”.
Porque
eles estavam tão ansiosos?
“Acreditavam
que o reino seria em breve estabelecido, e em vista dos acontecimentos daquela
manhã, convenceram-se de que seria feita alguma declaração a esse respeito.
Também a multidão estava em atitude de expectativa, e a ansiedade das
fisionomias atestava o profundo interesse”.
Esperavam
um Messias Político-Militar
“Ao
sentar-se o povo na verdejante encosta, aguardando as palavras do divino
Mestre, tinham o coração cheio de pensamentos quanto à glória futura. Havia
escribas e fariseus que esperavam o dia em que lhes seria dado domínio sobre os
odiados romanos, e possuíssem as riquezas do grande império do mundo. Os pobres
camponeses e pescadores esperavam ouvir a certeza de que suas míseras choças, o
escasso alimento, a vida de árduo labutar e o temor da necessidade, deviam ser
trocados por mansões onde reinassem abundância e dias de sossego”.
“Todos
os corações fremiam à orgulhosa esperança de que Israel seria em breve honrado
ante as nações como os escolhidos do Senhor, e Jerusalém exaltada como a sede
do reino universal”.
O
QUE JESUS FEZ?
-
Cristo decepcionou essa esperança de mundana grandeza.
-
Ele queria ensinar os princípios do Seu reino.
“Quando
reúne seus discípulos no monte, Jesus fala como um novo Moisés. Moisés recebeu
a Torá de Deus no monte Sinai. Jesus reúne Seus discipulos também em um monte.
O paralelo é evidente. Por isso, Jesus se pronuncia dizendo: "Vocês
ouviram o que foi dito (por Moisés); mas eu lhes digo.." Nada será como
antes, agora quem fala é Jesus. Moisés foi o legislador de Israel. O sermão do
Monte é o pronunciamento de um outro legislador”.
Moisés foi o libertador de Israel. O sermão do
Monte é o pronunciamento de um outro libertador.
Libertador
do que?
“Em
seu Sermão do Monte, Jesus confronta todos os agentes que oprimem o ser humano
- seja Roma, sejam o diabo e os espíritos do mal, ou seja mesmo a má
interpretação da lei de Moisés. Jesus se pronuncia contrariando todos os
discursos de seu tempo e todos os valores de impérios e potestades que oprimem
pela maldade”.
O que nos interessa é Jesus e a
lei, a terceira parte do sermão.
“Não
penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas, não vim para revogar, vim para
cumprir. Porque em verdade vos digo: até que o céu e a terra passem, nem um i
ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra”. Mateus 5:17 e 18
Porque Jesus precisou falar isso
após as duas belíssimas primeiras seções do sermão da montanha?
"Os
fariseus se orgulhavam da obediência que prestavam à lei; sabiam, todavia, tão
pouco de seus princípios pela prática diária, que para eles as palavras do
Salvador soavam qual heresia”.
“Murmuravam uns para os outros que estava
menosprezando a lei. Jesus leu-lhes os pensamentos, e respondeu aos mesmos,
dizendo: "Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim
ab-rogar, mas cumprir." Mat. 5:17. Aí refuta Jesus a acusação dos
fariseus. Sua missão para o mundo é reivindicar os sagrados direitos da lei que
O acusam de violar”.
“Ele
veio para explicar a relação da lei para com o homem, e exemplificar-lhe os
preceitos mediante Sua própria vida de obediência”.
O
problema:
Jesus quis combater a visão clara do
fundamento da justiça dos fariseus: Colocaram a ênfase na letra da lei moral,
corromperam a compreensão da lei cerimonial, enalteceram com força os
mandamentos de homens, os preceitos de homens e a tradição dos anciãos.
“Jesus procurando despertar os
fariseus e mestres da lei, demonstra a diferença entre a sua justiça e a
justiça estabelecida por Deus para o pecador que aceita a graça”.
Detalhe:
Os fariseus que defendiam a lei, estavam planejando matar Jesus. Como é
possível?
Jesus
leva a lei a um nível muito profundo:
Ela não foca o ato, mas, a motivação para
cometer o ato. O pecado começa no coração.
"O
que contamina o homem não é o que entra na boca, mas o que sai da boca, isso é
o que contamina o homem. Porque do coração procedem os maus pensamentos,
mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias. São
essas coisas que contaminam o homem." Mat. 15:11, 19 e 20.
O pensamento do povo após as
bem-aventuranças era: Quem pode se salvar? Quem pode entrar no reino de Deus?
- Se depender de nós mesmos, nunca entraremos
no céu.
“A
lei foi dada para os convencer do pecado, e revelar-lhes sua necessidade de um
Salvador. Assim o faria, à medida que seus princípios fossem aplicados ao
coração pelo Espírito Santo”.
A lei nos condena e nos revela a nossa
condição.
“Na
vida de Cristo se tornam patentes os princípios da lei; e, ao tocar o Espírito
Santo de Deus o coração, ao revelar a luz de Cristo aos homens a necessidade
que têm de Seu sangue purificador e de Sua justificadora justiça, a lei é ainda
um instrumento em nos levar a Cristo para sermos justificados pela fé”.
Se
a lei de Deus pudesse haver sido mudada ou anulada, então Cristo não teria necessitado
sofrer as conseqüências de nossa transgressão. Ele veio para explicar a relação
da lei para com o homem, e exemplificar-lhe os preceitos mediante Sua própria
vida de obediência.
Como vivê-la? Através da graça. Da nova vida.
Como viver a nova vida?
Quando
compreendo a grandeza do amor de Deus por mim, um pecador.
"Pois conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, se fez pobre por amor de vós, para que, pela sua pobreza, vos tornásseis ricos". II Cor. 8:9
Deus “não quer” nossa obediência meramente, ao invés
disto, ele quer nosso coração.
“Se o coração está ganho, tudo está ganho”. Martinho
Lutero
“O verdadeiro caráter não se molda exteriormente;
irradia do interior”.
A lei é uma
expressão do pensamento de Deus.
John Stott disse:
“A lei moral
expressa o caráter justo de Deus. Contudo esta não é a lei do seu próprio ser
somente, é também do nosso visto que Ele nos criou a Sua imagem, e ao fazê-lo,
escreveu os requisitos da sua lei em nossos corações (Rm. 2:15). Por isso, a
uma correspondência vital entre a lei de Deus e nós. O transgredir a lei, ofende
nosso bem-estar mais elevado, como também ofende a autoridade e o amor de Deus”.
O que é
verdadeira Justiça?
“O ideal do caráter cristão, é a semelhança com
Cristo. Como o Filho do homem foi perfeito em Sua vida, assim devem Seus
seguidores ser perfeitos na sua”.
Como guardar a lei?
Permaneça ligado a videira:
“Os pecadores só se podem tornar justos, à medida
que têm fé em Deus, e mantêm vital ligação com Ele. Então a verdadeira piedade
lhes elevará os pensamentos e enobrecerá a vida”.
____________
Referências
bibliográficas:
KIVITZ, E. Rene. Talmidin
- O passo a passo de Jesus. São Paulo, SP: Editora Mundo Cristão,
2012.
Salvo indicação contrária, todas
as referências bíblicas neste texto são da:
SOCIEDADE BÍBLICA DO
BRASIL. A Bíblia Sagrada. Revista e Atualizada no Brasil. 2° ed. Barueri,
SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993.
STOTT, John. A cruz de
Cristo. São Paulo: Editora Vida, 1991.
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