terça-feira, 17 de junho de 2014

Cristo e a lei no sermão da montanha


“Vendo Jesus as multidões, subiu ao monte, e, como se assentasse, aproximaram-se os seus discípulos; e Ele passou a ensiná-los”. Mateus 5:1 e 2

Um breve contexto:

"O Sermão do Monte é o mais importante discurso proferido em toda a história da humanidade. Mahatma Gandhi afirmou que se todos os textos sagrados do mundo fossem perdidos, mas o Sermão do Monte fosse preservado, então nada teria se perdido. Essas extraordinárias palavras de Jesus, de fato, ocupam lugar de absoluto destaque na história”.  (Rene Kivitz )

"Jesus não fala à multidão, Ele fala a Seus discípulos. Seguindo a tradição dos rabinos e seus Talmidim (discípulos) daquele tempo, os aprendizes se aproximaram, o Mestre se assentou e passou a ensiná-los”. (Talmidim)

Contexto de Ellen White:

“O sermão da montanha, conquanto feito especialmente para os discípulos, foi proferido aos ouvidos da multidão. Após a ordenação dos apóstolos, Jesus foi com eles para a praia do mar”.


"Ali, de manhã cedo, começara o povo a se reunir. Além das costumadas multidões das cidades da Galiléia, havia gente da Judéia e da própria Jerusalém; da Peréia, de Decápolis, da Iduméia, para o sul da Judéia; e de Tiro, e Sidom, as cidades fenícias da costa do Mediterrâneo. "Ouvindo quão grandes coisas fazia" (Mar. 3:8), "tinham vindo para O ouvir, e serem curados das suas enfermidades. ... Porque saía dEle virtude, e curava a todos." Luc. 6:17-19."


“O lugar dos discípulos era sempre próximo a Jesus. O povo comprimia-se constantemente em torno dEle, mas os discípulos entendiam que seu lugar junto do Mestre não devia ser tomado pela multidão. Sentaram-se-Lhe bem próximo, de modo a não perder nenhuma palavra de Suas instruções. Eram ouvintes atentos, ansiosos por compreender as verdades que teriam de dar a conhecer em todas as terras em todos os séculos. Com a impressão de que podiam esperar qualquer coisa acima do comum, apertaram-se todos em volta do Mestre”.

Porque sermão da montanha?

“A estreita praia não oferecia espaço ao alcance de Sua voz para todos quantos O desejavam ouvir, e Jesus os conduziu de volta à encosta da montanha. Chegando a um espaço plano, que proporcionava aprazível lugar de reunião para vasto auditório, sentou-Se Ele próprio na relva, e os discípulos e a multidão seguiram-Lhe o exemplo”.

Porque eles estavam tão ansiosos?

Acreditavam que o reino seria em breve estabelecido, e em vista dos acontecimentos daquela manhã, convenceram-se de que seria feita alguma declaração a esse respeito. Também a multidão estava em atitude de expectativa, e a ansiedade das fisionomias atestava o profundo interesse”.

Esperavam um Messias Político-Militar

“Ao sentar-se o povo na verdejante encosta, aguardando as palavras do divino Mestre, tinham o coração cheio de pensamentos quanto à glória futura. Havia escribas e fariseus que esperavam o dia em que lhes seria dado domínio sobre os odiados romanos, e possuíssem as riquezas do grande império do mundo. Os pobres camponeses e pescadores esperavam ouvir a certeza de que suas míseras choças, o escasso alimento, a vida de árduo labutar e o temor da necessidade, deviam ser trocados por mansões onde reinassem abundância e dias de sossego”.

“Todos os corações fremiam à orgulhosa esperança de que Israel seria em breve honrado ante as nações como os escolhidos do Senhor, e Jerusalém exaltada como a sede do reino universal”.

O QUE JESUS FEZ?

- Cristo decepcionou essa esperança de mundana grandeza.

- Ele queria ensinar os princípios do Seu reino.

“Quando reúne seus discípulos no monte, Jesus fala como um novo Moisés. Moisés recebeu a Torá de Deus no monte Sinai. Jesus reúne Seus discipulos também em um monte. O paralelo é evidente. Por isso, Jesus se pronuncia dizendo: "Vocês ouviram o que foi dito (por Moisés); mas eu lhes digo.." Nada será como antes, agora quem fala é Jesus. Moisés foi o legislador de Israel. O sermão do Monte é o pronunciamento de um outro legislador”.

Moisés foi o libertador de Israel. O sermão do Monte é o pronunciamento de um outro libertador.

Libertador do que?

Em seu Sermão do Monte, Jesus confronta todos os agentes que oprimem o ser humano - seja Roma, sejam o diabo e os espíritos do mal, ou seja mesmo a má interpretação da lei de Moisés. Jesus se pronuncia contrariando todos os discursos de seu tempo e todos os valores de impérios e potestades que oprimem pela maldade”.

O que nos interessa é Jesus e a lei, a terceira parte do sermão.

“Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas, não vim para revogar, vim para cumprir. Porque em verdade vos digo: até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra”.  Mateus 5:17 e 18

Porque Jesus precisou falar isso após as duas belíssimas primeiras seções do sermão da montanha?

"Os fariseus se orgulhavam da obediência que prestavam à lei; sabiam, todavia, tão pouco de seus princípios pela prática diária, que para eles as palavras do Salvador soavam qual heresia”.

“Murmuravam uns para os outros que estava menosprezando a lei. Jesus leu-lhes os pensamentos, e respondeu aos mesmos, dizendo: "Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim ab-rogar, mas cumprir." Mat. 5:17. Aí refuta Jesus a acusação dos fariseus. Sua missão para o mundo é reivindicar os sagrados direitos da lei que O acusam de violar”.

“Ele veio para explicar a relação da lei para com o homem, e exemplificar-lhe os preceitos mediante Sua própria vida de obediência”.

O problema:

 Jesus quis combater a visão clara do fundamento da justiça dos fariseus: Colocaram a ênfase na letra da lei moral, corromperam a compreensão da lei cerimonial, enalteceram com força os mandamentos de homens, os preceitos de homens e a tradição dos anciãos.

“Jesus procurando despertar os fariseus e mestres da lei, demonstra a diferença entre a sua justiça e a justiça estabelecida por Deus para o pecador que aceita a graça”.

Detalhe: Os fariseus que defendiam a lei, estavam planejando matar Jesus. Como é possível?

Jesus leva a lei a um nível muito profundo:

  Ela não foca o ato, mas, a motivação para cometer o ato. O pecado começa no coração.

"O que contamina o homem não é o que entra na boca, mas o que sai da boca, isso é o que contamina o homem. Porque do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias. São essas coisas que contaminam o homem."  Mat. 15:11, 19 e 20.

O pensamento do povo após as bem-aventuranças era: Quem pode se salvar? Quem pode entrar no reino de Deus?

- Se depender de nós mesmos, nunca entraremos no céu.

“A lei foi dada para os convencer do pecado, e revelar-lhes sua necessidade de um Salvador. Assim o faria, à medida que seus princípios fossem aplicados ao coração pelo Espírito Santo”.

 A lei nos condena e nos revela a nossa condição.

“Na vida de Cristo se tornam patentes os princípios da lei; e, ao tocar o Espírito Santo de Deus o coração, ao revelar a luz de Cristo aos homens a necessidade que têm de Seu sangue purificador e de Sua justificadora justiça, a lei é ainda um instrumento em nos levar a Cristo para sermos justificados pela fé”.

Se a lei de Deus pudesse haver sido mudada ou anulada, então Cristo não teria necessitado sofrer as conseqüências de nossa transgressão. Ele veio para explicar a relação da lei para com o homem, e exemplificar-lhe os preceitos mediante Sua própria vida de obediência.

Como vivê-la? Através da graça. Da nova vida.

Como viver a nova vida?

Quando compreendo a grandeza do amor de Deus por mim, um pecador.

"Pois conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, se fez pobre por amor de vós, para que, pela sua pobreza, vos tornásseis ricos". II Cor. 8:9 


Deus “não quer” nossa obediência meramente, ao invés disto, ele quer nosso coração.

“Se o coração está ganho, tudo está ganho”. Martinho Lutero

“O verdadeiro caráter não se molda exteriormente; irradia do interior”.

A lei é uma expressão do pensamento de Deus.

John Stott disse:

“A lei moral expressa o caráter justo de Deus. Contudo esta não é a lei do seu próprio ser somente, é também do nosso visto que Ele nos criou a Sua imagem, e ao fazê-lo, escreveu os requisitos da sua lei em nossos corações (Rm. 2:15). Por isso, a uma correspondência vital entre a lei de Deus e nós. O transgredir a lei, ofende nosso bem-estar mais elevado, como também ofende a autoridade e o amor de Deus”.

O que é verdadeira Justiça?

“O ideal do caráter cristão, é a semelhança com Cristo. Como o Filho do homem foi perfeito em Sua vida, assim devem Seus seguidores ser perfeitos na sua”.

Como guardar a lei?

Permaneça ligado a videira:

“Os pecadores só se podem tornar justos, à medida que têm fé em Deus, e mantêm vital ligação com Ele. Então a verdadeira piedade lhes elevará os pensamentos e enobrecerá a vida”. 

____________
Referências bibliográficas:

KIVITZ, E. Rene. Talmidin - O passo a passo de Jesus. São Paulo, SP: Editora Mundo Cristão, 2012. 

Salvo indicação contrária, todas as referências bíblicas neste texto são da:
SOCIEDADE BÍBLICA DO BRASIL. A Bíblia Sagrada. Revista e Atualizada no Brasil. 2° ed. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993.

STOTT, John. A cruz de Cristo. São Paulo: Editora Vida, 1991.


WHITE, Ellen. O desejado de todas as nações. 22ª ed. Capítulo 31: O sermão da montanha. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2010.

Nenhum comentário:

Postar um comentário