terça-feira, 17 de junho de 2014

Breve exegese de Isaías 1:18 a 20


“Vinde, pois, e arrazoemos, diz o SENHOR: ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a lã. Se quiserdes, e me ouvirdes, comereis o melhor desta terra. Mas se recusardes e fordes rebeldes, sereis devorados à espada; porque a boca do SENHOR o disse”. Isaías 1:18 a 20

1.      Autoria

O primeiro versículo deste livro coloca Isaías, o filho de Amoz, como o seu autor. O nome “Isaias” significa “O SENHOR é salvação”. A visão e a profecia são reivindicadas quaro vezes por Isaías; seu nome é mencionado mais doze vezes no livro. Seu nome também aparece doze vezes em 2 Reis e quatro vezes em 2 Crônicas.
O Livro de Isaías é citado diretamente no Novo Testamento vinte e uma vezes sendo atribuído em cada caso ao profeta Isaías. Argumentos diversos favorecem a autoria única: 1) palavras– chave e frases-chave estão igualmente distribuídas através de todo o livro; 2) referências à paisagem e as cores locais são uniformes. A beleza de estilo superior na poesia hebraica nos últimos capítulos de Is pode ser explicada pela mudança de assunto, de julgamento e súplica para consolo e segurança.
Ben Siraque, em "Eclesiástico” 49:17-25, escrito aproximadamente 185 a.C., disse, "Isaías, filho de Amoz", escreveu o livro (1.1; 12.1; 13.1). II Crônicas 32.32 atestam à visão de Isaías e o paralelo em Reis (II Rs 18.19-20.19).


2.      Destinatário(s)

Este texto revela a visão que o profeta Isaías teve, revelando o descontentamento da parte de Deus com relação a seu povo. Deus queria que seu povo entendesse o que realmente era ser Israel. Exortou fortemente para que lembrassem a quem eles pertenciam, e anunciar que seus pecados e seu sistema de religião estritamente ritualístico eram abomináveis para Ele, chegando a chamar a nação de hipócrita. Com isso Deus queria enfatizar a verdadeira religião.

3.      Gênero

As habilidades literárias de Isaías superam todos os profetas. Seus jogos de palavra e poesia são majestosos e intrigantes. O livro é principalmente poesia. É difícil sentar e ler tudo de Isaías de uma vez. É difícil esboçar o livro. Isto é porque Isaías era um pregador, não um autor ou editor. Seu livro registra suas mensagens faladas.
Porém, na perícope, encontramos um gênero literário de caráter profético, cuja sentença profética trata-se de um oráculo de juízo. Inicialmente, definimos como oráculo, uma declaração feita em nome de Deus, que o profeta recebeu a missão de anunciar, destinado tanto a indivíduo(s) quanto à coletividade. Esta perícope está inserida num conjunto de profecias dos capítulos de 1-12, destinadas a Judá e Jerusalém. Dentro da literatura profética, este gênero literário é classificado como um “dito”, que é a categoria mais ampla na tradição dos assim chamados profetas literários. Portanto, neste caso, um “dito profético”.

4.      Ambiente histórico

Isaías profetizou nos dias de "Uzias, Jotao, Acaz e Ezequias, reis de Judá" (Is 1:1). A nação tinha se dividido depois da morte de Salomão (1 Rs 12), porem o sacerdócio e o trono de Davi ficaram com Judá. As dez tribos do Norte formaram o reino de Israel (Efraim), tendo Samaria como capital, ao passo que Benjamim e Judá uniram-se para formar o reino de Judá, tendo como capital a cidade de Jerusalém. Apesar de Isaias ter predito a queda de Israel para a Assíria (Is 28), o que ocorreu em 722 a.C., seu principal enfoque foi sobre Judá e Jerusalém (Is 1:1 ). Uzias também e chamado de Azarias. Aos dezesseis anos, tornou-se co-regente com seu pai, Amazias, e reinou por cinquenta e dois anos (792-740 a.C.). Quando seu pai foi assassinado em 767 a.C., Uzias tornou- se o único soberano e conduziu a nação a seus melhores dias desde Davi e Salomão (2 Rs 14:17-22; 15:1-7; 2 Cr 26:1- 15).
Foi no ano da morte de Uzias que Isaias foi chamado para o ministério (Is 6:1). Jotão tornou-se co-regente depois que seu pai foi acometido de lepra e mostrou ser um bom rei (2 Rs 15:32-38; 2 Cr 27). Governou por dezesseis anos, e foi durante esse tempo que o império assírio começou a surgir como uma nova e ameaçadora potencia. Durante os últimos doze anos do reinado de Jotao, seu filho, Acaz, foi co-regente, mas Acaz nao foi um dos bons reis de Judá.
Acaz fez alianças políticas que acabaram amarrando Judá a Assíria (2 Rs 16; 2 Cr 28).  O reino de Judá sofria ameaças constantes do Egito, ao sul, e da Síria e Israel, ao norte, e Acaz dependia de uma aliança com a Assíria para se defender. Isaias advertiu Acaz que suas alianças com os gentios pagãos nao iriam funcionar e encorajou o rei a confiar somente no Senhor (Is 7). Ezequias reinou vinte e nove anos e foi um dos grandes reis de Judá (2 Rs 18 - 20; 2 Cr 29 - 32). Não apenas fortaleceu a cidade de Jerusalém e a nação de Judá, como também liderou seu povo de volta a Deus. Construiu o famoso sistema de fornecimento de água que existe ate hoje em Jerusalém. O ministério de Isaias estendeu-se por um período de cinquenta anos, de 739 a.C. (ano da morte de Uzias) ate 686 a.C. (ano da morte de Ezequias), e provavelmente se estendeu também aos primeiros anos do reinado de Manasses. Foi uma época difícil, de conturbações internacionais, em que potencias sucessivas ameaçaram a nação de Juda. Porem, os maiores perigos para a nação não eram externos, mas sim internos. Apesar da liderança piedosa do rei Ezequias, Juda não teve outros reis tementes a Deus. Um por um, todos os sucessores de Ezequias conduziram a nação a uma decadência política e espiritual, culminando com o cativeiro na Babilônia.

5.      Mensagem

Podemos resumir a mensagem teológica do livro da seguinte maneira. O Senhor cumprira o seu ideal para Israel purificando o povo por meio de julgamento e restabelecendo-o a uma relação renovada ligada ao concerto. Estabelecera Jerusalém como capital do reino mundial e reconciliara as nações outrora hostis a Ele.
Como muitos dos outros profetas pré-exílicos, Isaías veio como mensageiro especialmente comissionado do Senhor do concerto de Israel para acusar o povo rebelde, chama-lo ao arrependimento e avisa-lo do julgamento iminente.
A primeira unidade literária do livro (1.2-20) toma a forma de ação judicial do concerto, na qual o Senhor acusa o povo de rebelião e faz um ultimato. O Senhor e chamado “o Santo de Israel” (v. 4), titulo referente à sua autoridade soberana sobre Israel e serve de lembrança das suas exigências éticas e morais.
Comparando o povo pecador aos antigos habitantes de Sodoma e Gomorra (v. 10), o Senhor denuncia os rituais vazios e os adverte que o verdadeiro arrependimento, na forma de justiça social e econômica, pode salvá-los da ruína total. A persistência no pecado trará a morte pela espada; o arrependimento trará a prosperidade renovada (v. 19,20). O jogo de palavras e usado para realçar as alternativas que o Senhor colocou diante do povo: Ou “comereis [ ’akal] o bem desta terra”, ou “sereis devorados [’akal novamente] a espada”. As violações do povo de Deus relacionadas ao concerto classificam-se em varias categorias, entre elas a injustiça social, a idolatria, as alianças estrangeiras, a confiança em armamentos e fortificações humanas e a rejeição do mensageiro e da palavra do Senhor.
O relato de Isaías divide-se em duas seções: do capítulo 1 ao 39 e do 40 ao 66. A primeira seção adverte os judeus da invasão iminente dos assírios a Judá, e a segunda encoraja os cativos a retornarem do cativeiro na Babilônia. O tema principal da primeira seção é a disciplina de Deus a Judá por seus pecados, enquanto o da segunda é o conforto de Deus para os cativos após o sofrimento deles. Isaías viveu os eventos dos primeiros 39 capítulos, mas profetizou os eventos da última seção do livro. Na primeira seção, a Assíria era o principal inimigo, na última era a Babilônia.
A perícope em si, descreve uma cena em um tribunal. Deus convocou o tribunal e declarou as acusações. Apresentou seu caso e declarou a nação culpada, mas ofereceu aos acusados a oportunidade de se arrependerem e de serem perdoados. De que maneira Deus descreveu seu povo pecador? Eram filhos rebeldes, menos dedicados ao Senhor do que animais a seus donos.
A palavra traduzida por "arrazoemos", no versículo 18, significa "decidir um caso no tribunal", mas em vez de anunciar um julgamento, o Juiz ofereceu perdão. Se eles se purificassem arrependendo- se e deixando o pecado (v. 16,17; ver 2 Co 7:1), então Deus "limparia a ficha" do povo em resposta a sua fé (Is 1:18).

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Referências Bibliográficas 

PFEIFFER. CHARLES F. E  HARRISON, EVERETT F. Comentário Bíblico Moody. Sâo Paulo: Editora Batista Regular, 2010.

UTLEY, Bob. Panorama do antigo testamento. Bible lessons international.

WIERSBE, Warren. Comentário Bíblico Antigo Testamento. Santo André: Editora Geográfica, 2008.

______ , Warren. Comentário Bíblico Expositivo : Antigo Testamento : volume IV, Profético; traduzido por Susana E. Klassen. Santo André, SP : Geográfica editora, 2006.

ZUCK, Roy B. Teologia do Antigo Testamento – Isaías 1ª ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2009.

7 comentários:

  1. Meu nome e Rosângela Gomes gosto de estudar a palavra de Deus gostei muito do estudo

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    1. Olá! Seja bem-vinda!! Que bom saber que lhe foi útil! Deus lhe abençoe! Abraço!

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  2. Ola me chamo Marilvia,gostei muito do estudo,parabéns que Deus abençoe e que você venha fazer mais estudos desses,muito edificante para nossas vidas...

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    1. Agradeço o comentário! Seja muito bem vinda!! Deus te abençoe! Abraço!

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  3. Obrigada por este conteúdo maravilhoso.

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