A
hermenêutica tem como função descobrir o que o texto está realmente dizendo,
para tanto, são definidas algumas regras para a sua correta interpretação.
¹Pode-se dizer também que ela diminui a distância entre o autor e o leitor. Por
causa da necessidade de sensibilidade ao escolher qual conjunto de regras
utilizar, ela pode ser considerada também como uma arte, pois, se a
interpretação for realizada de forma mecânica pode se tornar um desastre. Tendo
tudo isso em mente, podemos concluir então que a hermenêutica é a ciência e a
arte de interpretar.
Após
esta breve introdução, vamos discorrer neste texto sobre os diferentes
períodos da história em que a bíblia era interpretada sob regras e contextos
diferentes. Entre os períodos, iremos destacar as interpretações: Judaica,
Alexandrina, de Antioquia, Medieval e por fim o período da Reforma.
Princípios
Hermenêuticos da escola Judaica
²Quando
os Judeus retornaram do exílio na Babilônia, tudo indica que falavam aramaico,
e não hebraico. Consequentemente, quando Esdras, o escriba, leu a lei, os
levitas tiveram de traduzir do hebraico para o aramaico. Desde Esdras até
Cristo, os escribas não só ensinavam as escrituras, mas também a copiavam. Eles
tinham grande reverência pelos textos do Antigo Testamento, mas essa veneração
logo caiu no exagero, chegando ao pensamento que cada monossílabo do texto
bíblico tinha vários significados.
³Durante
o primeiro século da era cristã os intérpretes judaicos concordaram em que a
escritura representavam as palavras de Deus, e que essas palavras estão cheias
de significado para os crentes. Empregou-se a interpretação literal nas áreas
de interesses práticos e judiciais.
Princípios
Hermenêuticos da escola Alexandrina
³Esta
escola surgiu por volta de 200 anos depois de Cristo. Esta escola Judaica caracterizava-se
pelo método de alegorização, que é procurar um sentido oculto ou obscuro que se
acha por trás do significado mais evidente do texto, mas lhe está distante e na
verdade dissociado. Em outras palavras, o sentido literal é uma espécie de
código que precisa ser decifrado para revelar o sentido mais importante e
oculto. Chegando a uma inevitável conclusão: o literal é superficial, e o
alegórico é que representa o verdadeiro significado.
Também
visavam evitar os antropomorfismos de Deus.
Os principais pais alexandrinos são: Panteno que foi professor de
Clemente, Clemente que ensinava que toda as escrituras utilizavam uma linguagem
simbólica misteriosa, Orígenes que desconsiderava o sentido literal e normal
chegando a um exagero incomum de alegorias.
Princípios Hermenêuticos
da escola de Antioquia
³Ao
perceberem o crescente abandono literal pelos alexandrinos e o letrismo dos
Judeus, vários líderes da igreja de Antioquia elaboraram a interpretação
histórica-gramatical, isto é, que um texto deve ser interpretado segundo as
regras da gramática e os fatos da história. Criticando os alegoristas por
lançarem dúvidas na historicidade de muita coisa no Antigo Testamento.
Diferentemente
dos alegoristas, eles criam que o significado espiritual de um acontecimento
histórico estava implícito no próprio acontecimento. ²Eles incentivavam o
estudo das línguas bíblicas originais e redigiram comentários sobre as
escrituras.
O
elo entre o antigo e o novo testamento era a tipologia e as profecias ao invés
da alegorização. Luciano foi o fundador da escola de Antioquia. Os princípios
exegéticos da escola de Antioquia lançaram a base da hermenêutica evangélica
moderna.
Princípios
Hermenêuticos do período Medieval
³O
período medieval pode ser considerado como um deserto no quesito interpretação
bíblica, pois não houve concepções novas e criativas acerca das escrituras. A
tradição da igreja ocupava lugar de relevo, juntamente com a alegorização das
escrituras. ²O sentido quádruplo desenvolvido por Agostinho era a norma para a
interpretação. Durante esse período, aceitou-se geralmente o princípio de
qualquer interpretação de um texto bíblico devia adaptar-se a tradição da
doutrina da igreja. Mas, embora prevalecesse o método quádruplo, outros tipos
de exegese se desenvolviam trazendo de volta o misticismo judaico levando o letrismo
ao ridículo. Alguns grupos porém, levavam em voga um método mais científico de
interpretação, incentivando o método de interpretação histórico-gramático. Um
dos homens de destaque deste período foi Nicolau de Lyra que foi o elo entre as
trevas daquela era e a luz da reforma, pois causara significativo impacto para
a interpretação literal. Dizem que sua influencia foi um dos fatores
desencadeadores da reforma através de Lutero.
Princípios
Hermenêuticos do período da Reforma
¹A
renascença foi um período de luz intelectual, mas não somente cientificamente,
a área da interpretação bíblica também iria evoluir. Foram desenvolvidos sadios
princípios hermenêuticos. A idade media foi um período de trevas, quando os
doutores de teologia não haviam lido a bíblia inteira. Aquela maneira de
interpretar a bíblia pelo quádruplo sentido foi sendo substituída pelo
princípio que a bíblia possui apenas um sentido. Os reformadores consideravam a
bíblia a mais alta autoridade, sendo a última palavra em questões teológicas.
Contra a infalibilidade da igreja foi colocada a infalibilidade das escrituras.
A igreja não determina as escrituras, mas as escrituras determinam a igreja.
Seus princípios fundamentais podem ser divididos em dois principais: A escritura
é interprete da escritura e que toda compreensão e exposição da escritura seja
de acordo com a analogia da fé. Os grandes nomes deste período foram: Reuchlin,
Erasmo, Lutero, Melanchthon e Calvino.
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¹BERKHOF, Luis. Principles
of Biblical Interpretation. Michigan, U.S.: Baker Book House, 1967.
²VIRKLER. Hermenêutica avançada.
³ZUCK, Roy B. A interpretação Bíblica: Meios de descobrir
a verdade da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 1994.
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