terça-feira, 7 de maio de 2013

O Sermão da Montanha



“Jesus subiu ao monte e se assentou. Seus discípulos aproximaram-se dEle, e Ele começou a ensiná-los.” Mateus 5:1 e 2

O Sermão do Monte é o mais importante discurso proferido em toda a história da humanidade. Mahatma Gandhi afirmou que se todos os textos sagrados do mundo fossem perdidos, mas o Sermão do Monte fosse preservado, então nada teria se perdido. Essas extraordinárias palavras de Jesus, de fato, ocupam lugar de absoluto destaque na história.

Jesus não fala à multidão, Ele fala a Seus discípulos. Seguindo a tradição dos rabinos e seus Talmidim (discípulos) daquele tempo, os aprendizes se aproximaram, o Mestre se assentou e passou a ensiná-los.
Quando reúne seus discípulos no monte, Jesus fala como um novo Moisés. Moisés recebeu a Torá de Deus no monte Sinai. Jesus reúne Seus discipulos também em um monte. O paralelo é evidente. Por isso, Jesus se pronuncia dizendo: "Vocês ouviram o que foi dito (por Moisés); mas eu lhes digo.." Nada será como antes, agora quem fala é Jesus. Moisés foi o legislador de Israel. O sermão do Monte é o pronunciamento de um outro legislador.

Mas há também um segundo paralelo interessante. Jesus cresceu em Nazaré, à época uma pequena vila com cerca de cinquenta famílias na região onde hoje é a Palestina. Isso significa que Jesus cresceu no meio de um povo colonizado, oprimido por Roma. Jesus ensina Seus discípulos no alto de um monte, mas também foi no alto de um monte que Jesus foi tentado pelo diabo. Eis um paralelo duplo para uma realidade única: a opressão de Roma contra Israel e a frustrada tentativa do diabo de oprimir Jesus. Moisés foi o libertador de Israel. O sermão do Monte é o pronunciamento de um outro libertador.

Em seu Sermão do Monte, Jesus confronta todos os agentes que oprimem o ser humano - seja Roma, sejam o diabo e os espíritos do mal, ou seja mesmo a má interpretação da lei de Moisés. Jesus se pronuncia contrariando todos os discursos de seu tempo e todos os valores de impérios e potestades que oprimem pela maldade. O que o sermão do Monte oferece é um caminho alternativo de vida. O teólogo inglês John Stott chama o Sermão do Monte de "contracultura cristã" - de fato, esta é a proposta de Jesus: um outro jeito de viver, de ser gente e de ser sociedade.

Os discípulos de Cristo haviam sido influenciados pelos ensinos dos rabinos e foi para esses discípulos que as primeiras lições de Cristo foram destinadas. Do mesmo modo, elas se destinam a nós, pois precisamos aprender as mesmas coisas.

"Bem-aventurados os humildes de espírito", disse Cristo. Mat. 5:3. 

Os humildes de espírito são aqueles que reconhecem sua própria pecaminosidade e necessidade espiritual. Sabem que em si mesmos nada podem fazer de bom. Desejam receber auxílio de Deus e para eles é dada essa bênção.

"Porque assim diz o Alto, o Sublime, que habita a eternidade, o qual tem o nome de Santo: Habito no alto e santo lugar, mas habito também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos e vivificar o coração dos contritos." Isa. 57:15.

"Bem-aventurados os que choram." Mat. 5:4.

Isso não significa murmurar ou viver em lamúrias, nem apresentar uma disposição amarga e um semblante mal-humorado, mas a bem-aventurança refere-se aos que se entristecem verdadeiramente por seus pecados e buscam o perdão de Deus.
A todos esses Ele perdoará generosamente. 

O Senhor diz:

"Tornarei o seu pranto em júbilo e os consolarei; transformarei em regozijo a sua tristeza." Jer. 31:13.

"Bem-aventurados os mansos." Mat. 5:5. 

Disse Jesus: "Aprendei de Mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma." Mat. 11:29. Quando era maltratado, Jesus pagava o mal com o bem. Nisso, Ele nos deu o exemplo, para que agíssemos do mesmo modo.

"Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça." Mat. 5:6. 

Justiça é a prática de ações corretas. É obediência à lei de Deus, pois nessa lei tais princípios estão arrolados. A Bíblia diz: 

"Todos os Teus mandamentos são justiça." Sal. 119:172.

Por Seu próprio exemplo, Cristo nos ensinou a obedecer tais preceitos. A justiça da lei é vista em Sua própria vida. Temos fome e sede de justiça quando desejamos ter pensamentos, palavras e ações semelhantes aos de Cristo. E podemos ser semelhantes a Ele se desejarmos. Podemos ter nossa vida como Sua vida e nossas ações em harmonia com a lei de Deus. O Espírito Santo trará o amor de Deus ao coração de modo que nos deleitaremos em cumprir Sua vontade.

Deus está mais disposto a dar o Seu Espírito do que os pais desejam dar boas dádivas aos seus filhos. Sua promessa é: "Pedi, e dar-se-vos-á." Luc. 11:9. Todos os "que têm fome e sede de justiça... serão fartos." Mat. 5:6.

"Bem-aventurados os misericordiosos." Mat. 5:7. 

Ser misericordioso é tratar as pessoas melhor do que merecem. Assim Deus nos tem tratado. Ele tem prazer em atos de misericórdia. É compassivo para com os ingratos e maus. Do mesmo modo nos ensina a tratar os semelhantes: 

"Sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou." Efés. 4:32.

"Bem-aventurados os limpos de coração." Mat. 5:8. 

Deus dá mais valor ao que somos do que àquilo que dizemos que somos. Ele não Se importa com nossa aparência exterior; o que deseja é que sejamos puros de coração, então todos os nossos atos e palavras serão justos.

Davi orava: 

"Cria em mim, ó Deus, um coração puro." Sal. 51:10. 

"As palavras dos meus lábios e o meditar do meu coração sejam agradáveis na Tua presença, Senhor, Rocha minha e Redentor meu!" Sal. 19:14. 

Essa deve ser a nossa oração.

"Bem-aventurados os pacificadores." Mat. 5:9. 

Aquele que tem o espírito manso e humilde de Cristo será um pacificador. Tal disposição não provoca discussões ou devolve palavras iradas. Antes, torna o lar um lugar feliz e traz uma suave atmosfera de paz que envolve a todos.

"Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça." Mat. 5:10. 

Jesus sabia que por amor a Ele muitos de Seus discípulos seriam lançados na prisão e muitos seriam mortos, mas aconselhou-os a não se entristecer por isso. 

Nada pode causar dano àqueles que amam e seguem a Jesus. Ele os acompanhará em todos os lugares. Podem ser mortos por causa do evangelho, mas Cristo lhes dará a vida eterna e uma coroa de glória.
E de seu exemplo, outros aprenderiam a respeito do amável Salvador. 

Cristo disse aos discípulos que se seguissem Suas orientações seriam luzes: 

"Vós sois a luz do mundo." Mat. 5:14. 

Em breve, Ele partiria do mundo para o lar celestial, mas os discípulos deveriam ensinar aos outros a respeito do Seu amor. Deveriam ser luzes entre os homens.

A luz do farol, brilhando na escuridão, guia os navios ao porto com segurança; do mesmo modo, os seguidores de Cristo brilham neste mundo escuro, para guiar os homens ao lar celestial.


“Qualquer que vem a mim e ouve as minhas palavras, e as observa, eu vos mostrarei a quem é semelhante: É semelhante ao homem que edificou uma casa, e cavou, e abriu bem fundo, e pôs os alicerces sobre a rocha; e, vindo a enchente, bateu com ímpeto a corrente naquela casa, e não a pôde abalar, porque estava fundada sobre a rocha.”  
Lucas 6:36, 40, 46 a 48.


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Salvo indicação contrária, todas as referências bíblicas neste texto são da:
SOCIEDADE BÍBLICA DO BRASIL. A Bíblia Sagrada. Revista e Atualizada no Brasil. 2° ed. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993.
KIVITZ, E. Rene. Talmidin - O passo a passa de Jesus. São Paulo, SP: Editora Mundo Cristão, 2012. 
WHITE, Ellen. O maior discurso de Cristo: Reflexôes sobre o sermão da montanha. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira: 2009.

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