quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

História política do período intertestamentário e do Novo Testamento


Palestina

INTRODUÇÃO

Neste artigo, será passada em revista a história política da região Palestina do período que se inicia do final do Antigo Testamento até o início do Novo Testamento.
O objetivo será descrever e compreender o que é este período intertestamentário e fazer uma revisão dos principais acontecimentos históricos que o abrangeram: O retorno da Pérsia, o tempo dos Gregos (Ptolomeus e Seleucidas), tempo dos Macabeus (Hasmoneus) e o tempo Romano.
Estes focos históricos e políticos citados serão analisados somente naquilo em que se relacione com a trama da história bíblica, com isto, este artigo tem como objetivo auxiliar a compreensão do panorama bíblico do Novo Testamento.
Como fontes para estudar este período, serão utilizados os relatos da história em livros especializados nestas questões intertestamentárias. Outras fontes são os livros considerados apócrifos como o livro dos Macabeus, que descrevem a revolta macabéia e o caos na Palestina, e os escritos de Josefo, historiador do primeiro século da era cristã (PACKER, 2003).

O QUE É PERÍODO INTERTESTAMENTÁRIO?

A história do Antigo Testamento se encerrou com o cativeiro que a Assíria impôs ao reino do norte (Israel) por volta do século 8 a.C com destruição da capital, Samaria, em 722 a.C Junto a isto, ocorreu o subsequente cativeiro babilônico do reino do sul (Judá) por volta do século 6 a.C com destruição de Jerusalém em 586 a.C. e com o regresso à Palestina de parte dos exilados para reconstruir a nação, o templo e Jerusalém. Estes exilados vieram no início de 537 a.C e no ano de 444 a.C para reconstrução dos muros de Jerusalém sob liderança de Esdras e Neemias (PACKER, 2003).
Este período, chamado de Intertestamentário, é o tempo que se inicia com o fim do Antigo Testamento até o momento que se inicia o Novo Testamento, com o advento do Cristo. Em termos temporais, ele vai do século 4 a.C até século 1 d.C. O período entre os dois Testamentos é conhecido como os quatro séculos nos quais não existem registros de revelações proféticas consideradas canônicas, ou,  chamada também de “hiato profético” (GUNDRY, 1987) . O último escrito profético do Antigo Testamento é de Malaquias (PACKER, 2003).
Neste período de tempo, Israel voltava de seu cativeiro e reinicia sua busca de identidade e reconstrução como nação (BRIGHT, 1980). A questão é que sua busca de identidade e autonomia acabaram sendo influenciadas por potências militares, políticas e econômicas da época: os romanos e os gregos. Esta busca, foi sendo influenciada, também, por insurreições internas em busca de liberdade conhecida pelo nome de “Revolta dos Macabeus”.
Destes poderes que dominaram o povo judeu, vemos nos gregos e no seu programa de helenização os principais influenciadores na cultura, educação e filosofia do período intertestamentário. Os romanos, por sua vez, são os grandes atores da influência política que controlava as leis, o governo, o contexto econômico e as rédeas políticas que afetavam práticas culturais e religiosas (FERGUSON, 2003).
Nem sempre é claro o que aconteceu nos 400 anos decorridos entre o registro de Malaquias e o tempo em que Jesus nasceu. Sabemos que a nação restaurada de Israel passou por sérios transtornos políticos durante esse tempo (PACKER, 2002).
Depois do exílio babilônico, os judeus da Judeia viveram sob dominação estrangeira por quase quatro séculos. Soberanos persas, gregos e egípcios normalmente deixavam os judeus à vontade no tocante à prática religiosa. Os costumes e as tradições judaicas, centradas no Templo e no sumo sacerdote, eram respeitados. Assim, os judeus, em alguns aspectos, desfrutavam de uma autonomia limitada, geralmente tendo como representante oficial do povo o sumo sacerdote. O quadro muda com a chegada de Antíoco Epífanes, o rei sírio cujo reinado começa em 175 a.C (SKAURSANE, 2004, p. 15).

VOLTANDO DA PÉRSIA

A Babilônia caiu sob o domínio de Ciro e dos persas em 539 a.C, e Ciro imediatamente decretou que todos os refugiados podiam voltar para suas terras de origem (2 Crônicas 36:22; Esdras 1:1). O povo judeu levou quase um ano para voltar à sua terra natal e estabelecer-se para começar a segunda comunidade.
É interessante notar que o exílio terminou 70 anos depois que os babilônios sitiaram Judá em 606 a.C, conforme Deus havia predito (Jeremias 25:11). A construção do templo foi interrompida não muito tempo depois de iniciada.
 Recomeçou no segundo ano de Dario I, em 520 a.C. sob o ministério profético de Ageu e de Zacarias (Esdras 4:24; 5:1-2; Ageu 1:1-15; 2:1-9). Foi completada no sexto ano de Dario (Esdras 6:15), o que seria por volta de 516 a.C.
O fecho dos acontecimentos históricos do Antigo Testamento ocorreu no reinado de Artaxerxes I (464-423 a.C) com o Império Persa ainda no poder. Ciro havia permitido aos judeus voltar à terra para reconstruir o templo em 537 a.C. Ester, judia, havia ascendido à proeminência no palácio do rei persa em 470 a.C. Esdras em 456 a.C e Neemias em 443 a.C haviam voltado ao país e instituído reformas (PACKER, 2003).
 Esdras levou um contingente de judeus para Jerusalém no sétimo ano de Artaxerxes (Esdras 7:7-9), por volta de 458 a.C. Para ajudar a Esdras e ao grupo judaico, Neemias conseguiu a nomeação de governador da terra (PACKER, 2002).

O PERÍODO GREGO


Império Grego 

Durante o “hiato profético”, Alexandre o grande se tornou senhor do antigo oriente médio. Ao governo Persa segui-se a ascensão de Alexandre ao poder sobre um vasto império, incluindo a Palestina. Filipe da Macedônia, seu pai, havia estendido o governo sobre toda a Grécia e se preparava para uma grande guerra com a Pérsia, quando foi assassinado. Sucedeu-o seu filho Alexandre, então com apenas vinte anos de idade, e dentro de pouco tempo acabou com o poder da Pérsia (PACKER, 2003, p. 10).
Em 335 a.C, Alexandre deu início a seu reinado de doze anos. Depois de consolidar o governo em sua terra natal, ele rumou para o leste conquistando a Síria, a Palestina, o Egito e, finalmente, a própria Pérsia através das derrotas que impôs a eles: Batalha de Granico em 334 a.C; Batalha de Isso em 333 a.C e Batalha de Arbela em 331 a.C (GUNDRY, 1987).
Relacionado à história do povo judeu, segundo a tradição, Alexandre tratou os judeus favoravelmente, e eles lutaram em seu exército. Tanto o historiador Josefo como o Talmude judaico menciona este fato (PACKER, 2003).
A influência mais marcante dos gregos é encontrada na influência cultural, processo este chamado de “helenização”. Alexandre possuía ideias de unificar as culturas do mundo, talvez a primeira tentativa de globalização que acabou em certa medida dando certo.
A influência grega era muito forte, sendo a sua cultura considerada a dominante, pois era utilizada pelos conquistadores, governantes, exércitos e a elite comercial. A língua grega eram amplamente utilizada pelo mundo. A literatura dos gregos era utilizada como modelo para qualquer produção literária. Porém, dois fatores impediam sua ampla difusão: a religião grega não fora moldada para todo o império e a forma democrática de governo das polis não atendiam a demanda de povos que não tinham nenhuma tradição neste aspecto. Buscando atender estas demandas, a cultura grega, em razão de seu respeito também a tradições antigas, começou a se misturar com a cultura oriental formando o famoso helenismo (SKARUSANE, 2004).
A materialização deste conceito de helenismo eram as cidades chamadas de polis. Alexandre chegou a fundar 70 delas em seu império, algumas dentro da Palestina. Estas polis eram um posto missionário de propagação da cultura helenística.
Aplicando-se ao domínio grego com os judeus, esta helenização não era compatível às visões religiosas e outros aspectos tão distintivos da religião judaica. Por esta razão a forma de helenizar foi mais suave, ao invés de assimilar o judaísmo no helenismo, buscou-se conciliar o helenismo ao judaísmo – de acordo com a Torá.
Estas formas sutis de helenização tentavam não comprometer pontos vitais. O próprio aspecto helênico de “buscar influenciar” foi aderido também pelo judaísmo, que buscava fazer prosélitos - convertidos. Mas, devido às barreiras da língua e barreiras de assimilar rituais religiosos, não poderia ter ampla aceitação mundial. Para isso foi feita a tradução da Torá ao grego, a língua mundial (SKAURSANE, 2004).
Este período de helenização em Israel trouxe mudanças culturais e influências religiosas não populares entre os segmentos de judaísmo. Estas influências são perceptíveis: foi erigido um ginásio com pista de corridas adjacentes com os rapazes judeus se exercitando despidos, à moda grega. As competições eram inauguradas com invocações feitas às divindades pagãs. Sacerdotes judeus chegaram a participar de tais acontecimentos.  Outras influências sentidas foram as construções de teatros gregos, as vestes no estilo grego, cirurgia de remoção de marcas de circuncisão e mudança de nomes hebreus por gregos (GUNDRY, 1987).
  Seguindo em frente com a história política, apesar de ter sido um grande conquistador militar, Alexandre não viveu muito para desfrutar de suas vitórias. Tendo morrido em 323 a.C com apenas 33 anos, ninguém sucedeu a Alexandre. Seu império foi dividido em quatro partes por seus quatro generais, dois deles, Ptolomeu e Seleuco I, envolver-se-iam no governo da Palestina (GUNDRY, 1987).
Os Ptolomeus estavam centralizados no Egito, tendo Alexandria como capital. Sua hegemonia sobre os judeus se estendeu dos anos 320 a 198 a.C.. O nome “ptolomeus” vem de sua dinastia governante, que teve Cleópatra como o último membro da dinastia dos ptolomeus.
Já os Selêucidas, estavam centralizados na margem leste de Israel, tendo o império centralizado na Síria com Antioquia sendo sua capital. Os Ptolomeus governaram a palestina porque os Selêucidas apenas conseguiram conquistá-na em 198 a.C com a queda do império Ptolomeu no Egito conquistado por Antíoco III. A hegemonia selêucida sobre a palestina durou de 198 a 167 a.C., e seu império durou até o ano 64 a.C com a conquista da Síria pelos romanos através de Pompeu (GUNDRY, 1987).
No período de dominação dos Ptolomeus, é declarado que os judeus apesar da influência do helenismo atrapalhando sua identidade como “povo da Torá”, gozavam de boas condições gerais, pois Ptolomeu Sóter empregava judeus em várias partes do reino com alguns altos postos. Conforme a tradição também, sob Ptolomeu Filadelfio (285 - 246 a.C) 72 eruditos judeus fizeram a tradução do AT para o grego, chamada de Septuaginta. Este rei promovia as artes e desenvolvia o império em todos os aspectos (PACKER, 2003).
O início do período de dominação Selêucida sobre os Judeus não foi um dos melhores períodos para os judeus. A ascensão de Antíoco Epifânio marcou o início de uma das mais sombrias épocas da história judaica. Visto que os gregos desejavam helenizar os judeus, os velhos costumes hebreus e suas práticas religiosas foram desestimulados.
Estes conflitos são entendidos pela história. O rei Seleucida Antíoco IV ou chamado de Epifânio (175 a 163 a.C), substituiu o sumo sacerdote de Israel Onias III por seu irmão Jasom, que era considerado helenizante. Então, antes de invadir o Egito, Antíoco substitui Jasom por Menelau pela simples razão de Menelau ter oferecido um tributo mais elevado para a Síria, o que era a prática de Simonia (quem pagasse o tributo mais elevado levava o cargo religioso).
Tendo chegado rumores de que Antíoco teria sido morto em batalhas no Egito, Jasom retira Menelau do ofício. Antíoco, interpretou a atitude de Jasom como uma revolta. Por isto, decidiu reintegrar Menelau no ofício sacerdotal pela força. Seus soldados saquearam o templo e mataram muitos habitantes (GUNDRY, 1987).
Dois anos mais tarde, Antíoco envia o general Apolônio com 22 mil homens para: coletar tributos, tornar ilegal o judaísmo, estabelecer o paganismo a força, consolidar seu império e para refazer seu tesouro. Como resultado desta ação, Jerusalém foi saqueada, casas foram derrubadas, judeus foram mortos, mulheres e crianças foram escravizadas, tornou-se crime a circuncisão, guarda do sábado, celebração de festividades judaicas e possuir cópias do Antigo Testamento. Não bastando isto, os sacrifícios pagãos tornarem-se compulsórios, um altar pagão e uma estátua a Zeus foram erigidos no templo, animais imundos foram sacrificados no altar e a prostituição “sagrada” passou a ser praticada no recinto do templo (GUNDRY, 1987).
Pela história, percebe-se que Antíoco não tinha intenções de acabar com a adoração dos Judeus pelo seu Deus, nem substituí-la por outros deuses, mas, combinar religião grega com a religião judaica, fazendo com que ela se tornasse um veículo da política nacional. Suas sensibilidades, porém, não eram com o povo, e sim com seus próprios interesses, sendo que se precisasse saquear o templo, ele o faria. Acabou que o saqueou, demonstrando sua desconsideração e desrespeito. Estas ações contra a religião da nação provocavam a intransigência judaica. Vendo ele que a rebelião baseava-se na religião, buscou sufocá-la, proibindo-a (BRIGHT, 1980).
Percebemos com isto, apenas ações desastrosas. Que certamente levariam à instabilidade política e ao fim do domínio grego sobre a Palestina.

O PERÍODO DOS MACABEUS

A insurreição dos macabeus representava a autodefesa do judaísmo contra a “helenização” forçada, implementada por Antíoco. A revolta macabéia tornou explícita a incompatibilidade entre judaísmo e helenismo (SKARUSANE, 2004). Antíoco havia passado do limite aceitável: ele tocou na religião, o marco de identidade nacional (BRIGHT, 1980).
Diz a história que a revolta teve início com o ato de um oficial de Antíoco pedindo a Matatias para que oferecesse um sacrifício pagão. Neste episódio, Matatias se recusa a fazê-lo, mata um judeu que havia atendido ao pedido, mata o oficial que o instou, demole o altar pagão e foge para as montanhas com seus 5 filhos, acompanhados de simpatizantes.
Esta revolta teve início em 167 a.C, e como observamos anteriormente foi liderada pela família de Matatias. Sua dinastia chamada Hasmoneanos vem do nome do bisavô de Matatias, que se chamava Hasmom. O nome macabeus vem do apelido que fora conferido a Judas, um dos filhos de Matatias. O nome Macabeu significa martelo (GUNDRY, 1987).
Aos poucos cresceu o número dos que se puseram ao lado dos macabeus. Os sírios lançaram três campanhas contra esses fiéis judeus, uma pelo próprio Antíoco Epifânio; mas nenhuma teve êxito. Algum tempo depois morreu Epifânio e irrompeu a guerra civil. Três anos após o dia de sua profanação, o templo foi purificado e os sírios estabeleceram a paz com os judeus (PACKER, 2003).
Judas Macabeu encabeçava campanhas utilizando o método de guerrilha. Estas rebeliões resultaram na rededicação do Templo em 164 a.C. e no estabelecimento de um estado judaico parcialmente autônomo e reconhecido pelos sírios e, mais tarde, em um estado judeu independente, que perdurou até a conquista romana em 63 a.C. (SKARUSANE, 2004).
A questão é que, entre o período de independência e a conquista romana, houve problemas. Haviam disputas internas entre judeus pró-helenistas e os anti-helenistas. Embora presenteados com a oportunidade de restaurar Israel a uma posição de grande poder e influência, desperdiçaram-na com lutas entre famílias. A própria dinastia hasmoneana era permeada de contendas internas por ambição de poder; junto a isto, os Hasidim (puritanos) que dariam origem aos Fariseus e Essênios tinham propósitos diferentes dos Hasmoneus que dariam origem aos Saduceus (GUNDRY, 1987).
Judas Macabeu não gozou de paz por muito tempo. Judas morreu em combate e seu irmão Jônatas ficou em seu lugar. Por causa da fraqueza da Síria, Jônatas tornou-se o comandante da Judéia. Ao morrer, foi sucedido por outro irmão, Simão. (PACKER, 2003, p. 12 e 13)
O resultado deste levante foi o domínio da dinastia hasmoneana de 147 a 37 a.C. Este ato havia recuperado a liberdade religiosa, reconsagrado o templo, conquistado a Palestina e expulsado os Sírios que ocupavam Jerusalém (GUNDRY, 1987).

PERÍODO ROMANO

Império Romano

Um tempo depois da revolta dos Macabeus, o povo estava cansado de ser dominados pelos Hasmoneus, que não possuíam legitimidade de descendência para estarem no poder. Alguns líderes recorrem a Roma para que os dominassem, sabendo que os romanos possuíam uma política de tolerância com tradições religiosas. Acabou que Roma decidiu anexar a Palestina também ao seu império. No ano 63 a.C o general romano Pompeu toma Jerusalém.
Muito do que sabemos da conquista romana da Judéia provém da História das Guerras Judaicas, obra de Flávio Josefo (PACKER, 2003).
Acerca deste domínio dos romanos, Skaursane comenta

Ao que tudo indica, portanto, os judeus que favoreciam a dominação romana estavam basicamente certos: os romanos respeitavam as antigas instituições e tradições judaicas, e não tinham nenhuma intenção de interferir nas questões internas dos judeus. Isso se confirmou em grande medida, nos anos que se seguiram. Os romanos viam nos judeus aliados fiéis, e os judeus que viviam em cidades gregas fora de Israel desfrutavam muitas vezes de privilégios especiais que não eram concedidos a outros. Parecia portanto que, os judeus haviam encontrado um governo ideal enquanto aguardavam pela liberdade plena que o reino do Messias lhes traria (SKAURSANE, 2004, p. 44).

As coisas começaram a ficar ruins para os judeus quando a Herodes foi concedido por Roma o direito de governar a Palestina. Ele vivia sob o pavor de que um descendente dos macabeus subisse em poder para tomar-lhe o trono. Ele se tornou cada vez mais vingativo, e seus atos sangrentos provocaram a ira dos judeus. Para acalmar a hostilidade dos judeus, deu início a um programa de obras públicas. Seu principal empreendimento foi a reconstrução do templo. Mas com isso não terminaram os problemas de Herodes, nem da nação. Perto do fim da vida, esse governante, dominado pelo medo, ordenou o massacre dos infantes de Belém quando nasceu Jesus, o “rival” Rei dos judeus (PACKER, 2003).
Por este período antes e depois de Cristo, os romanos permaneceram como governantes supremos da Palestina. A família de Herodes, juntamente com os procuradores romanos nomeados, governava sob a autoridade de Roma.
Porém, por alguns desmandos da administração dos herdeiros de Herodes, a Judéia passou à dominação direta dos romanos no ano 6 d.C. Um dos governadores, foi Pôncio Pilatos, sendo o quinto procurador Romano da Palestina e também o mais conhecido por causa da crucifixão de Jesus. Governante inflexível e severo, ele foi brutal para os judeus. Seu massacre sem justificativa dos adoradores samaritanos e outras execuções causaram-lhe a queda em 36 d.C.
A Palestina continuou sob o domínio romano até que, no ano 70 d.C, foi destruída por Roma sob liderança de Tito. Nesta destruição cessou a adoração e os sacrifícios no templo, pois o próprio lugar para culto não mais existia, sem contar que, Adriano mandou erigir um templo a Júpiter no local do templo judeu. Como reação, alguns sobreviventes fizeram uma escola em Jamnia para estudos da Torá. Um tempo depois, os judeus se revoltam mais uma vez sob liderança de Bar Cochba que se auto aclamava como Messias. O resultado deste levante não foi positivo; os romanos o abafaram e reconstruíram Jerusalém como cidade romana, proibindo os judeus de entrarem. Desta forma, o estado judaico deixou de existir em 135 d.C, dando fim à história da nação eleita (GUNDRY, 1987).

CONCLUSÃO

Basicamente, ao observador comum é possível enxergar nestes movimentos da história um simples acaso. Mas não é isto que percebemos pela ótica da escritora Ellen White; para ela

A providência havia dirigido os movimentos das nações, e a onda do impulso e influência humanos, até que o mundo se achasse maduro para a vinda do libertador. As nações estavam unidas sob o mesmo governo. Falava-se vastamente uma língua, a qual era por toda parte reconhecida como a língua da literatura. Por essa época, os sistemas pagãos iam perdendo o domínio sobre o povo. Os homens estavam cansados de aparências e fábulas. Ansiavam uma religião capaz de satisfazer a alma (WHITE, 2004, p.32).

Por este prisma, percebemos que casa nação dominante teve sua contribuição para o estabelecimento dos propósitos de Deus para o mundo.
O império romano criou um ambiente político favorável para a propagação do cristianismo nos primórdios de sua existência. Os romanos, como nenhum outro povo até então, desenvolveram um sentido da unidade da espécie sob uma lei universal; os piratas do mediterrâneo foram varridos e os soldados mantinham a paz nas estradas da Ásia, África e Europa, o que tornou mais fácil a movimentação; criaram um sistema de estradas que iam do marco áureo no fórum a todas as regiões do Império; os soldados levavam as ideias romanas pelo mundo antigo aonde eram designados; as conquistas do exército romano levavam os povos a falta de fé em seus deuses.
Já os gregos prepararam o caminho de forma intelectual e cultural. Como afirma Cairns:

A filosofia grega preparou o caminho para a vinda do cristianismo por ter levado à destruição as antigas religiões. Qualquer um que chegasse a conhecer seus princípios, fosse grego ou romano, logo perceberia que sua disciplina intelectual se tornou a religião tão ininteligível que a acabava abandonando em favor da filosofia. A filosofia falhou, porém, na satisfação das necessidades espirituais do homem, que se via obrigado então a tornar-se um cético ou a procurar conforto nas religiões de mistério do Império Romano. A filosofia apenas aspirava por Deus, fazendo dEle uma abstração; jamais revelava um Deus pessoal de amor. Este fracasso da filosofia tornou as mentes humanas prontas para entender uma apresentação mais espiritual da vida (CAIRNS, 1995, p. 32 e 33).

Sem contar que, assim como o inglês no mundo moderno e o latim no mundo medieval erudito, o grego tornou-se no mundo antigo, ao tempo em que o império romano apareceu, a língua universal (SKAURSANE, 2004). 
Hoje, a igreja possui a mesma esperança e “incumbência” que os judeus possuíam ao tempo do primeiro advento do Cristo, de preparar o caminho para o aparecimento do Senhor. Olhando para a história e aprendendo suas lições, percebe-se que da mesma forma que Deus operou no mundo para o preparo e máximo impacto da mensagem da primeira vinda do Messias, Ele opera hoje também preparando o mundo para o aparecimento de Seu Filho.
Notoriamente, encontramos as mesmas características que precederam ao primeiro advento. É possível perceber uma estabilidade política, uma relativa paz global, um idioma universal, um mundo que é muito fácil se locomover para qualquer lugar, potentes meios de comunicação que nos permitem estarmos conectados praticamente aonde estivermos. Tudo isso nos mostra que Deus, prepara o mundo para que suas boas novas de salvação sejam levadas até os confins da terra. Conforme registrou o evangelista Mateus: “E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações. Então, virá o fim” (Mt 24:14).

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRIGHT, J. História de Israel. 5. ed. São Paulo - SP: Paulus, 1980.

CAIRNS, E. O Cristianismo através dos séculos: uma história da igreja cristã. 2. ed. São Paulo - SP: Vida Nova, 1995.

FERGUSON, E. Backgrounds of early christianity. 3. ed. Grand Rapids - EUA: William B. Eerdmans Publishing Company, 2003.

GUNDRY, R. H. Panorama do Novo Testamento. Tradução de João Marques Bentes. 4. ed. São Paulo - SP: Vida Nova, 1987.

PACKER, J.I.; TENNEY, M. G.; WHITE, W.J. O Mundo do Novo Testamento. 1. ed. São Paulo - SP: Vida , 2003.

PACKER, J.I.; TENNEY, M. G.; WHITE, W.J. O Mundo do Antigo Testamento. São Paulo - SP: Vida , 2002.

SKARSAUNE, O. À Sombra do templo: as influências do judaísmo no cristianismo primitivo. 1. ed. São Paulo - SP: Vida , 2004.

WHITE, E. O desejado de todas as nações. 22 ed. Tatuí-SP: Casa Publicadora Brasileira, 2004.


O aspecto messiânico no cristianismo primitivo e em Paulo





INTRODUÇÃO

Este presente artigo buscará discorrer de forma não exaustiva sobre a compreensão da obra de Jesus na igreja primitiva e no pensamento de Paulo. Ele abarcará o tema mais amplo da cristologia focando na compreensão da comunidade primitiva cristã e paulina acerca da visão que tinham da obra messiânica. Em outras palavras, basicamente será responder como era visto o messias pela igreja e por Paulo.
Para tanto, será definido o que são profecias messiânicas, a visão messiânica no cristianismo primitivo e junto a isto, a visão de Paulo acerca do messias. Será usado o método de análise literária.

O QUE SÃO PROFECIAS MESSIÂNICAS

Conforme observa Moltmann o messianismo é a ideia mais profunda e original no Judaísmo. É a ideia que Israel deu ao mundo. Não é uma ideia junto as outras, na verdade, toda a porção do Antigo Testamento como um todo é uma contínua e crescente expectação (MOLTMANN, 1990). Esta expectação segundo Ellen White, vem desde o Éden quando Adão e Eva ouviram a promessa de Deus de que viria um libertador, seguiu por Enoque, aos patriarcas, profetas (WHITE, 2010). Pinheiro ressalta que os profetas tiveram papel crucial na formação do pensamento messiânico trazendo mensagens diretamente de Deus para o povo. Diz que

Os profetas continuaram a fazer ouvir a sua voz e a anunciar as profecias que, da parte de Yahweh, recebiam. Eles começaram a predizer a vinda de um rei que descenderia de Davi, que seria o grande libertador do seu povo (Jeremias 23:5-6), sob cujo domínio haveria paz e harmonia (Isaías 11), cuja geração seria desde a eternidade (Miquéias 5:2-5) e que se sentaria sobre o trono de Davi para sempre (Isaias 9:6-7). A este, o grande libertador, já prometido desde tempos imemoriais e que os hebreus esperavam e cujos caracteres, progressivamente, iam sendo revelados pela palavra do seu Deus Yahweh, atribuíam os israelitas, por excelência, o título de messias que, assim, de ungido, passou a trazer subjacente, o significado e o valor de libertador (Daniel 9:25,26). Não apenas o libertador do povo israelita, mas o libertador da raça humana caída (PINHEIRO, 1975, p.76).

Esta ideia progressiva do Messias está relacionada com restauração da nação de Israel, como libertador e também como pessoa e reino messiânico, a era messiânica e a terra messiânica, os sinais messiânicos e as pessoas messiânicas na história (MOLTMANN, 1990). Estes termos messiânicos aplicam-se a missão do Messias não ao seu ser pois em muitos textos do AT, a ênfase principal recai sobre as obras do Messias, e não sobre sua pessoa ou sobre seu ser. O messias completa sua obra messiânica libertando o povo de Deus, livrando-o de seus inimigos. Os outros títulos do Messias, especialmente Filho de Deus, também parecem referir-se, sobretudo, à sua obra, e não à essência do seu ser. Em suma, eles são funcionais e não ontológicos (SKAURSANE, 2004).
No judaísmo, a esperança messiânica estava centralizada em torno de uma pessoa, embora também girasse em torno de certa condição nacional de Israel, que cumpriria os seus ideais e sonhos como nação. Portanto, por um lado, a esperança messiânica girava em torno do Messias, e, por outro lado, girava em torno de algo que pertencia à nação de Israel, quanto as suas futuras expectações. A esperança messiânica é a expectação de que haverá uma figura messiânica, que, finalmente, estabelecerá o seu reino messiânico.
A palavra messias deriva do hebraico mashia, equivalente ao grego christos, e significa “ungido” (PINHEIRO, 1975). Este Cristo, o ungido, é o Messias de Israel (MOLTMANN, 1990). Este termo é usado no Antigo Testamento para identificar uma pessoa em relação especial com Deus. O uso não técnico do termo é simplesmente designar ungido com óleo e com o Espírito Santo, mas especialmente um que tinha sido separado por Deus e habilitado para uma tarefa especial.
A esperança messiânica é a expectação de que haverá uma figura messiânica, que, finalmente, estabelecerá o seu reino messiânico. O Antigo Testamento e as obras pseudepígrafas encerram em seu bojo essa antecipação. Muitos dos salmos também são considerados messiânicos. A teologia dos hebreus, após o exílio, aguardava a futura renovação de um imenso e exaltado reino de Israel, que haveria de emergir no reino de Deus, embora essa esperança não estivesse ligada claramente, com a figura messiânica. O trecho de Isaías 9:6 é uma das mais claras passagens vetero-testamentárias desse tipo, incluindo a ideia do “príncipe da paz” que haveria de governar sentado no trono de Davi.
A ligação do termo "Messias", como aplicado a um rei ungido parece especialmente forte, e foi usado em um sentido profético da vinda governante Davídico. Ambos segundo Samuel e os Salmos se referem ao Rei Davi como o "ungido" (mashiach) cujos descendentes reinarão para sempre (2 Sam . 22:50-51, Sl . 18:50-51). Além disso, o conceito de um messias universal é visto em textos que dão para a casa de Davi domínio sobre as nações estrangeiras (2 Sam 22:44-51, Sl 18:44-51, Salmos 2:7-9 ) . Nos escritos proféticos o conceito messiânico tem uma referência especial ao prometido governante davídico de Deus que vai restaurar Israel ao ideal divino (Isaías 09:07, Jeremias 23:5-6, Ezequiel 34:23-24; 37:25; Amós 9:11-12 ). Salmos 2 (vs. 2-6, 7-9) e 89 (vs. 3-4, 20-29) mostram um rei messias (ou "ungido"), que irá destruir os adversários gentios de Deus e como Seu representante reinará sobre as nações.

VISÃO DA IGREJA PRIMITIVA DO MESSIAS

Embora o messiado que Jesus veio exercer foi de um caráter bem diferente daquilo que o termo sugeria à mentalidade popular, a igreja parece que havia corrigido a visão distorcida que o judaísmo havia difundido acerca da ideia de um messias que os “livraria de Roma”, para um messias que os “livraria do pecado”.
A melhor fonte de estudo para o cristianismo primitivo são os evangelhos. Lá se encontram os registros do ministério de Cristo sobre a Terra a partir de diferentes pontos de vista. Interessante notar que, Mateus salienta a atividade do reinado de Cristo como Messias prometido que cumpriu as promessas de Velho Testamento, por isso, faz constante uso da frase: “isto aconteceu para se cumprisse o que foi dito pelos profetas”. Marcos, que escreveu tendo em mente os romanos, destacou o lado prático do ministério de Cristo, o sentido de ação e poder é fortalecido pelo uso constante que faz da palavra grega geralmente traduzida como “imediatamente”. Lucas, o historiador, reporta-nos o lado humano do ministério de Cristo. João apresenta Cristo como o Filho de Deus com poder de levar benção a todos quantos O aceitassem pela fé (CAIRNS, 1995).
Esta nova comunidade dos cristãos, do ponto de vista externo, diferentemente dos judeus que tinham expectação por um messias diferente de Jesus, não parecia nada mais do que uma nova sinagoga judaica, que reconhecia Jesus como o Messias. Os elementos “cristãos” da comunidade são evidentes, o primeiro dos quais é o “ensinamento dos apóstolos”. Esse incluía o significado da vida, da morte e da exaltação de Jesus, sua entronização como o Rei messiânico e Senhor, inaugurando a era messiânica de benção e a futura consumação teológica. Este era o cerne, a partir do qual mais tarde os escritos do NT tomaram forma (LADD, 2003).
Com isto Ladd observa que os apóstolos eram os responsáveis pelo ensinamento na igreja primitiva (At 2:42), e que os documentos do Novo Testamento podem ser compreendidos como um produto final do testemunho dos apóstolos no que diz respeito ao evento redentor de Cristo (LADD, 2003). Se a visão dos discípulos acerca de Cristo era esta, difícil seria que a visão da igreja primitiva fosse diferente dos seus ensinadores.
Naquilo que se sabe da igreja primitiva, a chamada ekklesia, ela apenas recebia em sua comunhão todos os que aceitassem a proclamação de Jesus como o Messias, se arrependessem e recebessem o batismo nas águas. Ladd observa que, a prática da igreja era se reunir, ouvir os ensinamentos dos apóstolos e aceitar Jesus como o Messias.

VISÃO PAULINA ACERCA DO MESSIAS

Da visão daqueles que eram os formadores de opinião e instrutores do cristianismo primitivo, a mais notável interpretação do significado da pessoa e do trabalho de Jesus no Novo Testamento é a de Paulo, um fariseu convertido (LADD, 2003). Parece que Paulo estava preparado como teólogo judeu para pensar sob a orientação do Espírito Santo, nas implicações do fato de que o Jesus de Nazaré crucificado era de fato o Messias e o Filho de Deus ressurreto, que fora levado ao céu.
Para Paulo, Cristo se tornou mais ou menos equivalente a um nome próprio em suas cartas. Christos (Cristo), naturalmente, é simplesmente a palavra grega para o hebraico Mashiah (Messias), com isto, toda vez que lemos Cristo, deve ser lido Messias. Isso significa que no tempo em que Paulo escrevia, a afirmação cristã segundo a qual Jesus era messias não era mais controversa. Paulo não tinha mais necessidade de argumentar que Jesus era de fato o messias davídico de Israel esperado há muito tempo (DUNN, 2003). Por esta razão que Paulo não sentiu necessidade de instruir seus convertidos sobre como enfrentar quaisquer dificuldades na parte das sinagogas locais a respeito deste assunto

Ao extrair a teologia de Paulo das suas cartas, devemos sempre ter em mente dois fatores qualificantes importantes. Um é a probabilidade de que Paulo já tinha muita coisa em comum com os destinatários das suas cartas, neste caso informações e ensinamentos sobre Jesus. (...) O outro fator é que Paulo não tentara reinventar a roda cada vez que escrevia. Em outras palavras, ele não pensava em cobrir todos os aspectos da sua teologia toda vez que ditava outra carta. Pelo contrário, como as próprias cartas deixam bem claro, elas eram documentos ocasionais (inclusive romanos) (DUNN, 2003, p. 231).

As alusões de Paulo a Cristo sugerem que o termo não tinha perdido o seu significado titular para Paulo. As referências feitas por ele sugerem que o papel de Messias lembrado por Paulo no seu uso de “Cristo” incluía o ministério de Jesus antes da cruz, como também o de “cristo crucificado”. Visão esta igual ao dos outros apóstolos.
A questão é que Paulo não convivera com os outros apóstolos, e não conhecera a Jesus antes da sua crucifixão; conheceu-o primeiro como Senhor ressurreto (BRUCE, 2003). Era inevitável que sua perspectiva do “Jesus histórico” fosse diferente dos discípulos originais pois ele carregava a herança do judaísmo, considerando a Jesus com aqueles conceitos das quais vimos anteriormente. Saulo, o judeu, partilhava a esperança judia da vinda do messias, de uma forma ou de outra, para destruir seus inimigos, redimir Israel e estabelecer o Reino de Deus; pois essa esperança que remonta aos profetas do Antigo Testamento (LADD, 2003).
O evento que o fez mudar do conceito popular para o conceito correto foi a aparição de Jesus que provou a Paulo que a proclamação cristã estava correta. Desta forma, ele compreendeu que Jesus havia ressuscitado dentre os mortos e que ele, portanto, tinha de ser o Messias, e não apenas o Messias mas também o Filho de Deus (At 9:20). A conclusão de que Jesus era o Messias prometido no Antigo Testamento exigiu que Paulo fizesse uma revisão sobre seu entendimento da história da redenção.
Chegar a conclusão de que Jesus era realmente o Messias, era algo demasiadamente revolucionário para a avaliação de Saulo em relação a todo o significado da Lei, pois foi o seu zelo peloa lei que o fizera odiar os cristãos e o seu Messias. Devido à sua experiência no caminho de Damasco, Paulo via, agora, as coisas de modo diferente. Ele agora sabia que Jesus é o Messias, o Filho de Deus, que inaugurou uma nova era. Foi em damasco que Paulo separou-se do judaísmo com a avaliação de Jesus de Nazaré como o Messias e todas as implicações pertinentes a esse fato.
Para Paulo, o Messias deu início ao seu reino com a ressurreição e com a dádiva escatológica do Espírito que foi derramada. Contudo, a segunda vinda do Messias, a ressurreição e a salvação escatológica permanecem objetos da esperança futura.

CONCLUSÃO

Concluímos que, as expectativas e esperanças messiânicas que vinham do povo judeu, foram entendidas pela comunidade cristã primitiva como tendo cumprimento da obra de Jesus, conforme os ensinamentos dos apóstolos e conforme as práticas cristãs de ingresso de novos conversos que estão registradas no Novo Testamento.
A visão Paulina foi alterada de seu farisaísmo perseguidor da seita do caminho para um fiel colaborador da causa aos gentios. Sua compreensão de Cristo como sendo o messias o fez entender que Cristo era o fim da lei e o caminho para a justiça. Fatos estes que alteraram completamente sua conduta. Porém, não necessariamente ele sentia-se em obrigação de explicar a obra do messias, pois, como vimos, já era fato amplamente aceito e conhecido na comunidade cristã. Ele se preocupou mais em ensinar as implicações e significados de Jesus ser o Cristo.

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REFERÊNCIAS

BRUCE, F. F. Paulo: o apóstolo da graça, sua vida, cartas e teologia. São Paulo: Shedd Publicações, 2003.

CAIRNS, E. E. O cristianismo através dos séculos: uma história da igreja cristã. 2 ed. São Paulo: Vida Nova, 1995.

DUNN, James. A teologia do apóstolo Paulo. São Paulo: Paulus, 2003.

EUGEN, Pentiuc J. The Christological Interpretation of the Old Testament: A critical review. Greek Orthodox THeological Review; Spring-Winter 2002, Vol. 47 1- 4 Issue 1-4 p.37 - 54. Academic Journal.

KLAUSNER, Joseph. The messianic idea in Israel: from its begining to the completion of the Mishnah. LONDON: Allen & Unwin, 1956.

LADD, G. E. Teologia do Novo Testamento. Ed. rev. São Paulo: Hagnos, 2003.

MOLTMANN, Jurgen. The Way of Jesus Christ: christology in messianic dimensions. 1. ed. Estados Unidos da América: Harper San Francisco, 1990. ISBN 0-06-065910-6.

PINHEIRO, Jorge. O Messianismo. 2. ed. Lisboa - Portugal: Editora dos Adventistas do Sétimo Dia, 1975. v. 1.

SKARSAUNE, Oskar. À sombra do templo: as influências do judaísmo no cristianismo primitivo. São Paulo: Editora Vida, 2004.


WHITE, Ellen. O desejado de todas as nações. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira: 2010.